Indicado para ser o futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Albano Zavascki tem pressa. Menos do que os senadores que marcaram à jato sua sabatina, 15 dias após a indicação pela presidente Dilma Rousseff, mas urgência suficiente para buscar sua marca em um período curto na Corte: aos 64 anos e sob a atual regra, ele deve deixar o STF em 2018. Nascido em Santa Catarina, Zavascki fez carreira no Rio Grande do Sul, Estado em que vivem seus filhos e onde está seu time de futebol, o Grêmio, do qual é conselheiro. É ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) desde 2003 e deve chegar ao STF em um momento delicado, em que a Corte julga o maior de seus processos --a ação penal do chamado mensalão. Zavascki começou a ser sabatinado pelo Senado nesta terça-feira, mas o processo foi suspenso e só deverá ser retomado após o primeiro turno das eleições, em 7 de outubro. Desde sua indicação, no dia 10 de setembro --apenas uma semana depois da aposentadoria compulsória de Cézar Peluso, que completou 70 anos em 3 de setembro--, a principal pergunta que ouve é se votará, caso chegue à tempo na Corte, no julgamento do mensalão. Já deu a entender que ficará de fora, por conhecer pouco o processo, mas na sabatina desta terça disse que a decisão cabe ao colegiado --os demais ministros já opinaram que cabe ao novo integrante a decisão. "Quem decide a participação, em última análise, não é o juiz, é o órgão colegiado", disse ele no Senado. Na noite de domingo, voltando de Porto Alegre para Brasília, Teori não quis tocar no assunto, afirmando precisar primeiro "atravessar" a sabatina no Senado. Já teve seu nome na lista de possíveis indicados ao STF, e chega desta vez com o aval de petistas como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o ex-deputado Sigmaringa Seixas, e integrantes e ex-membros da Corte, como o ministro Gilmar Mendes e o ex-presidente do Supremo Nelson Jobim. Conta ainda com a simpatia de outro advogado gaúcho, o ex-deputado Carlos Araújo, ex-marido de Dilma. Com experiência predominante na Justiça Federal, Teori também fez carreira acadêmica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde se graduou em 1972 e fez mestrado e doutorado em Direito Processual Civil. Também lecionou Direito na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e, desde 2005, na Faculdade de Direito da UnB. Antes de ingressar no Tribunal Regional Federal da 4a Região, o futuro ministro atuou como advogado do Banco Central entre 1976 e 1989. No Rio Grande do Sul, os dois filhos mantém um escritório de advocacia ao lado da ex-mulher, e atuam em causas tanto no STJ quanto no Supremo. "Não tenho problema de me declarar impedido quando assim achar necessário", afirmou nesta terça. No STF, onde a posse de Zavascki já é preparada, a expectativa é que o novo ministro integre a Corte em cerca de 15 dias.