Índice de Equidade Racial 2023 apresenta ranking das melhores empresas; veja lista

Fórum reconhece ações afirmativas no combate às desigualdades raciais

PUBLICIDADE

Por Gonçalo Junior
4 min de leitura

O segundo e último dia do Fórum Internacional de Equidade Racial Empresarial foi marcado pela apresentação dos resultados do Índice de Equidade Racial nas Empresas 2023, ranking das práticas de promoção da diversidade racial de 48 empresas do País. A relação entre equidade racial e mudanças climáticas da abertura do evento se ampliou com a presença de representantes de universidades americanas e da América Central na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), nesta sexta-feira, 17.

O Índice de Equidade Racial reconhece ações afirmativas das empresas no combate às desigualdades raciais e cria parâmetros para orientar as participantes (veja abaixo o ranking de 2023). A quarta edição contou com a participação de 48 empresas dos setores da indústria de transformação (37,5%), comércio, transporte, armazenagem e correio (14,6%) e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (14,6%), entre outros.

O faturamento das participantes foi de aproximadamente R$ 973,5 bilhões em 2022, o que corresponde a cerca de 9,8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano.

Raphael Vicente, presidente da Iniciativa Empresarial (à esq.), ao lado de representantes das empresas líderes do índice de equidade racial Foto: Divulgação

O professor Raphael Vicente, presidente da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, identifica avanços nos quatros anos de publicação do índice. “Há cinco anos, as empresas não reportavam a questão de raça. Hoje, nós superamos esse tabu e criamos uma ferramenta para medir o compromisso com a diversidade”, diz Vicente.

“Um dos principais avanços foi o razoável consenso de que existe o problema de discriminação racial. Essa é uma agenda reconhecida pelos presidentes. Estamos no momento de transformar esse compromisso em ações e resultados. É um processo longo do qual não podemos retroceder”.

Criado pela Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial e suas empresas signatárias em parceria com Universidade Zumbi dos Palmares, a publicação abrange seis pilares: Recenseamento Empresarial (profissionais negros contratados ou em cargos de gerência, supervisão e outros); Conscientização (ações sobre inclusão e diversidade racial); Recrutamento (nível de flexibilização do processo seletivo em nome da diversidade racial); Capacitação (investimento no desenvolvimento dos negros); Ascensão (planos de carreira e critérios de promoção); e Publicidade e Engajamento (ações afirmativas e criação de canais para recebimento de denúncias de racismo).

Continua após a publicidade

Ações práticas pela diversidade

O segundo dia do Fórum também foi marcado pela apresentação das ações concretas pela equidade na mesa de debates “Diversidade racial: A responsabilidade e transformação da Cadeia de Valor”. Luana Ozemela, vice-presidente de Impacto do iFood, afirma que o programa “Meu diploma do Ensino Médio”, que incentiva os entregadores da plataforma a concluírem o ensino fundamental e médio, motivou cerca de 9 mil inscrições no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) do Governo Federal.

Maria Alicia Lima, vice-presidente de Relações Institucionais e ESG do Carrefour Brasil, afirma que a rede possui 40% de pessoas negras em posições de gerência e acima. A meta é chegar a 50% até 2026.

O panorama internacional foi apresentado no debate “Environmental Justice Issues: Climate Change, Energy & Diversity” (Questões de justiça ambiental: Alterações climáticas, energia e diversidade, em tradução livre) com a presença de líderes sociais, congressistas e professores universitários das cidades americanas de Atlanta, Nova Orleans, Nova York e Texas e também de Porto Rico.

O consenso entre os especialistas é o desafio pela busca de novas matrizes energéticas para desacelerar as mudanças climáticas e evitar o aumento das desigualdades sociais e raciais.

A exemplo do primeiro dia, representantes do setor público também participaram das discussões. “É preciso pensar em políticas afirmativas no setor privado, como cotas raciais. O mero esforço sobre a contratação de negros não se faz suficiente. É preciso metas e compromisso mais amplos, a exemplo da contratação de negros para postos na gerência, chefia e direção”, afirmou Benedito Gonçalves, ministro do Superior Tribunal de Justiça e Corregedor Geral da Justiça Eleitoral na abertura do evento.

Veja as cinco primeiras empresas classificadas no ranking

Continua após a publicidade

  1. Mercado Livre: 55,9% (primeira participação)
  2. Corteva: 55,4% (5ª em 2021 e 1ª em 2022; três vezes no Top 5 com 2023)
  3. EY: 53,1% (2ª em 2021 e 4ª em 2022; três vezes no Top 5 com 2023)
  4. Vivo: 51,8% (2ª em 2020, 1ª em 2021 e 3ª em 2022; quatro vezes no Top 5 com 2023)
  5. PepsiCo: 51,7% (primeira participação)
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.