A indústria paulista puxou a ocupação industrial do País em agosto para nível recorde, segundo dados revelados ontem pela pesquisa de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desemprego apurada pelo IBGE em agosto ficou estável, em 8,1%, ante 8,0% em julho. O número de ocupados no setor industrial subiu 3,9% nas seis principais regiões metropolitanas do País em agosto ante julho, na maior alta ante mês anterior apurada pelo IBGE desde abril de 2004. A indústria paulista registrou alta recorde nas contratações, de 5,8% ante o mês anterior. Nessa base de comparação, é a maior alta para a região da série histórica da pesquisa, iniciada em março de 2002. Nas seis regiões pesquisadas, foram gerados 135 mil postos na indústria de um mês para o outro, sendo que desse total, 106 mil em São Paulo. "Esse aumento na indústria em São Paulo é bem-vindo porque a região tende a ser um sinalizador do que vai acontecer nas outras regiões. O mercado de trabalho paulista sempre dá o primeiro passo", observou o gerente da pesquisa mensal de emprego, Cimar Azeredo. Ainda segundo ele, o resultado do emprego na indústria corrobora a avaliação de que há uma recuperação na economia brasileira. "Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e do PIB (Produto Interno Bruto) mostram que o efeito da crise passou e isso pode estar se refletindo na pesquisa mensal de emprego, como mostram os dados industriais de São Paulo, que são um sinal claro de que o cenário econômico está mais favorecido. Mas é um primeiro resultado positivo mais significativo no setor e será preciso aguardar os próximos meses", disse Azeredo. O gerente da pesquisa ressaltou, entretanto, que o emprego na indústria prossegue em queda em relação a igual mês do ano passado. Em agosto, a ocupação no setor caiu 3,4% nas seis regiões ante agosto de 2008, sendo que, em São Paulo, a queda foi de 1,7% nessa comparação. "A indústria foi dos setores mais afetados pela crise e era de se esperar queda em relação a igual mês do ano passado, em que havia forte alta na geração de empregos no setor", disse Azeredo.Mas a alta do setor industrial não foi suficiente para evitar uma pequena alta no desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do País. A taxa de desemprego apurada pelo IBGE ficou em 8,1%, ante 8,0% em julho. Azeredo considerou o levantamento como a confirmação da recuperação econômica após a crise. O aumento da taxa de desocupação reflete, em sua avaliação, a maior procura por trabalho. A população desocupada (sem trabalho e procurando emprego) aumentou 1,9% em agosto ante julho e subiu 7,8% na comparação com igual mês do ano passado. O número de desempregados chegou a 1,89 milhão nas seis principais regiões do País. Para Azeredo, a alta pode estar revelando o aumento da procura por uma vaga após a divulgação de notícias de reaquecimento da economia, já que as pessoas ficam mais estimuladas a buscar emprego. O número de ocupados também aumentou em julho, com variação de 0,5% ante o mês anterior e de 0,9% comparativamente a agosto de 2008, mas o incremento não foi suficiente para atender à demanda. Para Azeredo, os efeitos da crise, que ainda permanecem sobre os dados do mercado de trabalho, estão refletidos especialmente na resistência da taxa de desemprego em cair em relação a iguais períodos do ano passado. Em agosto de 2008, a taxa nas seis regiões havia sido de 7,6%. "Se não houvesse a crise, se a economia não tivesse passado pelas turbulências, talvez a taxa tivesse prosseguido na trajetória de queda em que vinha no ano passado e estivesse, agora, em patamar abaixo de 2008'', acredita. O rendimento médio real dos trabalhadores teve desempenho mais favorável do que o emprego em agosto, favorecido pelo ritmo menor de reajustes de preços no mês. A renda dos ocupados ficou em R$ 1.336,80 na média das seis regiões, com aumento de 0,9% ante julho e alta de 2,2% na comparação com igual mês do ano anterior.
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