A ex-senadora Ingrid Betancourt falou nesta sexta-feira, 4, em Paris, sobre o papel do Brasil em sua libertação e sobre o que espera do governo brasileiro a partir de agora. Ela disse se sentir "devedora em relação ao presidente Lula por todo seu esforço e interesse que ele teve pelo seu caso". "Penso que toda a América Latina se mobilizou e incluo nessa reflexão o presidente Lula. Sei que ele conhecia meu caso e que ele fez o necessário para que o presidente Álvaro Uribe soubesse que era possível contar com o Brasil para realizar contatos com as Farc", afirmou Betancourt. Ainda sobre o assunto, a franco-colombiana afirmou: "Espero poder ver o presidente Lula em breve para que ele nos ajude nessa segunda etapa, que é crucial: a libertação dos que ainda continuam na selva". Ela disse que deseja viajar ao Brasil e a vários países sul-americanos. Veja também: Marco Aurélio Garcia nega relações do PT com as Farc Ingrid Betancourt é recebida por Sarkozy na França 'Fiquei acorrentada 24 horas por dia durante 3 anos' O drama de Ingrid Por dentro das Farc Histórico dos conflitos armados na região Cronologia do seqüestro de Ingrid Betancourt Leia tudo o que foi publicado sobre Ingrid A ex-refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), libertada na quarta-feira, fez as declaração em uma coletiva de imprensa em Paris, realizada após a recepção organizada pelo presidente Nicolas Sarkozy no Palácio do Eliseu. Betancourt falou em reposta a uma pergunta relativa a críticas de que o governo brasileiro não teria se mobilizado o suficente para obter sua libertação, diferentemente de outros países sul-americanos. "Os brasileiros não precisam se preocupar. Se eles têm a sensação de que o que foi feito não foi suficiente, teremos sempre a possibilidade de fazer mais", disse a ex-candidata à presidência da Colômbia. "Quero ir ao Brasil, (quero) cumprimentar Cristina Kirchner, e também ao Chile, ao Peru, ao Equador e também à Venezuela porque devemos muito ao presidente Hugo Chávez", afirmou. Na declaração na TV logo após o anúncio da libertação de Ingrid Betancourt, na quarta-feira, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, agradeceu a ajuda de vários países sul-americanos para a libertação de Ingrid Betancourt, mas não mencionou o Brasil. Retrato A coletiva ocorreu logo após uma recepção organizada por Sarkozy no salão de festas do Palácio do Eliseu, sede da Presidência, que contou com a presença de mais de 300 convidados, entre artistas, políticos e membros dos comitês franceses de apoio à libertação de Ingrid Betancourt. A ex-senadora também disse que é necessário "pôr fim à loucura das Farc". Durante a entrevista, ela declarou que "as Farc devem parar de cometer crimes e se comportar como terroristas. Estamos dispostos a fazer mudanças, mas não a continuar participando da sua farsa, fingindo ser uma organização para o bem da Colômbia", afirmou. Na noite desta sexta, a ex-refém participa ainda de um evento na prefeitura de Paris, para retirar sua foto pendurada na fachada do prédio há quatro anos. Em dezembro passado, a foto foi trocada pela da imagem de Betancourt muito magra e debilitada, mostrada no vídeo divulgado pelas Farc no final do ano passado como prova de que ela continuava viva. No sábado, Ingrid Betancourt realizará uma série de exames médicos no hospital militar do Val-de-Grâce, em Paris, onde normalmente são tratados os presidentes franceses. A política deve permanecer alguns dias na França. Ela deve se encontrar em breve com o ex-presidente Jacques Chirac e com o ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin, que foi seu professor. Foi também Villepin quem organizou, secretamente, o envio de um avião a Manaus, em 2003, para tentar resgatar Ingrid Betancourt e que causou um incidente diplomático com o governo brasileiro. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.