O inquérito policial sobre a morte da inglesa Cara Marie Burke, de 17 anos, morta e estrangulada pelo goiano Mohhamed D'Ali Carvalho dos Santos, de 20 anos, será entregue à Justiça nos próximos 10 dias. É o prazo em que a polícia de Goiás espera obter a confirmação do exame de DNA do tronco da garota - a cabeça e os membros superiores e inferiores ainda não foram localizados. Veja também Esquartejamento de garota em Goiânia é destaque na Inglaterra Polícia ainda busca fragmentos do corpo de inglesa Por meio de diligências, que se intensificaram no final de semana, a polícia pretende concluir a checagem de todas as informações que foram levantadas sobre Mohhamed D''Ali, para em seguida acusá-lo formalmente por homicídio, dilaceração e ocultação de cadáver, crimes que somados prevêem punição com pena de 36 anos de prisão. Mohammed já confessou o crime: "Eu a matei, sim, e esquartejei para facilitar o transporte", disse ao delegado Carlos Raimundo Lucas Batista, um dos responsáveis pelo inquérito e investigação. A polícia colheu provas, como traços de sangue na sala, cozinha e banheiro do apartamento onde o casal vivia. Também apreendeu um celular onde Mohammed tirou uma foto chocante - a cabeça sobre tronco, no boxe do banheiro. Mas ainda busca localizar uma testemunha-chave. Trata-se de um rapaz conhecido por Carlinhos, que teria cedido o veículo para Mohammed transportar o corpo esquartejado e espalhar pela cidade. Relatos, como o do porteiro do prédio e de amigos pessoais, reforçam a investigação sobre a autoria do crime. O porteiro, por exemplo, viu o rapaz, transportando a mala onde foi encontrada parte do corpo da inglesa, e guardando no porta-malas do carro horas depois do crime. Um dos amigos, Felipe David, contou para o Estado que domingo passado, horas depois da tragédia e de sair de uma festa rave, Mohammed o procurou e contou toda história: "Fiquei surpreso, mas ele disse que estava tudo bem". No momento da prisão, pela Rotam (Rondas Ostensivas da PM), Mohammed tentou subornar um oficial, oferecendo a ele R$ 70 mil. O militar gravou o diálogo, de 17 minutos, em seu celular: Policial: Por quê você fez isso? Mohamed: "Ela tava ameaçando de pôr a policia atrás". Policial: Por quê? Mohammed: "Por causa da droga lá em casa. Entra e sai gente toda hora. Eu sou usuário". A partir daí, ele explica como matou a garota inglesa, onde acertou as facadas, sua fuga para a festa e a dilaceração e ocultação do cadáver. "A linha mestra da investigação da Policia é a seguinte: Mohhamed D'Ali Carvalho dos Santos, de 20 anos, é o autor do crime", disse neste sábado, 2, para o Estado o delegado Carlos Raimundo Batista. Escalada Ele explicou que no cenário do crime, o apartamento onde o casal coabitava, recebiam amigos e se drogavam com cocaína e crack, foram encontrados traços de sangue, a faca do crime, CD-Roms com fotos variadas, o carregador de bateria e o celular de onde o goiano tirou a foto do tronco com a cabeça no boxe do banheiro. Fronhas e outros objetos relacionam Mohammed, o apartamento e a morte da jovem inglesa. Fora os documentos, indícios e provas, a polícia de Goiás montou um retrato que os amigos de Mohammed fazem do autor do crime - quem ele é, onde andava, com quem andava, o que fazia, com quem fazia, como vivia. No perfil, segundo informações da polícia, somente não se descobriu, ainda, se Mohammed era mesmo traficante de drogas ou sua vida entre Goiânia, Atlanta (EUA) e Londres "era a de um usuário de drogas", disse um policial. Mas já se sabe que ele tinha a "Turma do Mohammed", da Praça ao lado da avenida Nova York que freqüentava no Jardim Novo Mundo, um dos bairros mais violentos de Goiânia, cidade que vive uma escala de violência. No mês de julho foi registrado o maior número de homicídios dos últimos 10 anos.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.