Localizada ao Norte dos EUA, Detroit já viveu tempos de glória quando era potência na indústria automobilística, mas entrou em colapso, ganhou ares de abandono e, hoje, considerada a cidade mais violenta do país, volta a aos holofotes na série Detroit 1-8-7, nova aposta do AXN, que estreia dia 17, às 22 horas. O título - referência ao artigo para homicídio no Código Penal da Califórnia - faz parte do pacote de séries policiais que o canal exibe a partir do dia 14, com temporadas inéditas de séries consagradas (leia ao lado) e Covert Affairs entre as novidades.
Num encontro com a imprensa internacional, Michael Imperioli - o ex-mafioso Christopher Moltisanti da Família Soprano, também conhecido como o detetive Nick Falco de Law&Order - contou sobre seu novo personagem, o misterioso detetive Louis Fitch, e falou, com bom humor, sobre sempre fazer papéis de homens contra ou a favor da lei.
Esta é a terceira série seguida em que você faz um detetive (o ator também viveu um policial em ‘Life on Mars’). Qual dos três é o seu favorito?
Este personagem, em alguns aspectos, é o mais desafiador. Não sabia muito sobre ele no início, sobre seu passado, por que ele saiu de Nova York e foi para Detroit. Tive de preencher as lacunas sozinho e o construi para ser o mais complexo de todos os que já fiz. Mas claro que é um desafio ter de se reinventar como detetive. Acredite ou não, houve mais papéis de detetive que recusei. Você tem de encontrar os que são específicos e bem escritos, confiar no piloto e nas pessoas do projeto e pensar: "Essa é mesmo uma série única, um personagem único?"
Você se incomoda com esse estigma?
Costumo dizer aos meus filhos que interpreto policiais e bandidos para viver. Isso é o que eu faço. Alguns são nova-iorquinos, porque além de ter muita coisa de gângster produzida em Nova York, muitos detetives de lá são ítalo-americanos. Mas felizmente fiz coisas de muita qualidade.
E o que o detetive Louis Fitch tem de especial?
Gostei do fato de que ele nunca se abre com ninguém, ser excêntrico. Senti que ele sofreu emocionalmente no passado e esconde feridas. Também adorei a maneira que ele entende a mente criminosa. Ele vê os criminosos não apenas como pessoas más, mas como seres humanos. Gosto desse senso de compaixão. E aos poucos descobrimos seu passado.
Seu filho (Vadim Imperioli) está na série interpretando seu filho. Como é trabalhar com ele? Ele tem 13 anos e, em um filme, já havia interpretado o meu personagem quando criança. Mas a gente nunca tinha contracenado. Ele é bom, tem alguma experiência: fez dois filmes e algumas peças. E se parece muito comigo. Só espero que ele estude e não seja aqueles atores mirins que trabalham o tempo todo. Tenho sido muito seletivo com as coisas que ele faz.
Às vezes, a série é filmada com a câmera balançando, parece um reality show. Por que dessa escolha?
O piloto foi concebido como um documentário, havia uma equipe nos seguindo e falávamos direto para a câmera em algumas cenas. Mas havia cenas que não fazia sentido uma equipe de filmagem presenciar. Entendemos que isso limitaria a história. Mas eles gostaram da dinâmica visceral que esse tipo de câmera documental proporciona e mantiveram alguma coisa.
Você passou um tempo com policiais reais de Detroit?
Essa foi uma das melhores coisas. Policiais me mostraram a cidade e contaram os desafios de ser um detetive de homicídios lá. E tivemos aula de técnicas de interrogatório. Muito do que o Fitch usa para fazer as pessoas falarem veio da aula: essa coisa de não ser tão intimidador, de se relacionar em algum nível emocional, e ter compaixão, que pode ou não ser real. Às vezes é fingimento. Os detetives também podem ser bons atores.