O governo do Iraque impôs um toque de recolher em Bagdá para "proteger" a população civil em meio a confrontos entre milícias xiitas e forças de segurança iraquianas que já deixaram 130 mortos no país. A medida, que restringe a circulação de pessoas e veículos, começou a vigorar às 23h do horário local (17h em Brasília) e deverá ser suspensa apenas no domingo às 5h da manhã (23h de sábado em Brasília). As 130 mortes ocorreram desde terça-feira, quando forças de segurança deram início a uma ofensiva contra milícias xiitas em Basra, no sul do Iraque, de onde a instabilidade se espalhou para Bagdá e outras cidades. A operação também gerou protestos, com milhares de manifestantes saindo às ruas em Bagdá para pedir a saída do primeiro-ministro Nouri Maliki. Nos Estados Unidos, o presidente americano, George W. Bush, elogiou a decisão de Maliki de ordenar a ofensiva. Bush disse, em um discurso no Museu da Força Aérea, em Ohio, que a ação de Maliki "reforça a sua liderança e o seu compromisso de aplicar a lei de uma maneira equilibrada". Maliki, por sua vez, disse nesta quinta-feira que vai lutar "até o fim" contra as milícias xiitas em Basra. Milícias Cerca de 30 mil soldados iraquianos e policiais estão combatendo principalmente os militantes do Exército Mehdi, a milícia xiita liderada por Moqtada al-Sadr. Maliki tem supervisionado a operação de Basra pessoalmente, mas os integrantes do Exército Mehdi permanecem no controle de algumas áreas com grande densidade populacional. Sadr defendeu, por meio de um comunicado, "soluções políticas e pacíficas" para a crise a fim de acabar com "o derramamento de sangue iraquiano". A milícia respeita um cessar-fogo desde agosto, contribuindo para uma queda generalizada da violência no Iraque. O governo afirma que quer restaurar a ordem em Basra, cidade cuja segurança a Grã-Bretanha devolveu às autoridades iraquianas em dezembro. Simpatizantes de Sadr dizem, porém, que o real objetivo do governo é enfraquecer as milícias para as eleições locais de outubro. Em meio ao recrudescimento da violência no Iraque, a Zona Verde de Bagdá tem sido alvo de ataques de mísseis. Pelo menos um dos americanos feridos nos ataques morreu nesta quinta-feira. Oleoduto Um oleoduto perto de Basra, que era usado para o transporte de petróleo para exportação, foi danificado em um ataque com uma bomba. Ainda em Basra, o delegado de polícia Adbul Jalil Khalaf informou que sobreviveu a uma tentativa de assassinato durante a noite. Mas, três de seus guarda-costas foram mortos. Os moradores da cidade relataram que estão ficando sem alimentos e água. Um deles disse à BBC que o Exército iraquiano invadiu lojas, levou comida e água e, então, ateou fogo a lojas e carros estacionados nas ruas. O Exército americano bombardeou a cidade de Hilla na madrugada desta quinta-feira, em apoio às forças iraquianas. Também houve confrontos violentos na capital, Bagdá, e em Diwaniya e Kut. Com muitas lojas fechadas por causa dos combates, moradores de Basra dizem que já estão enfrentando falta de alimentos e água. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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