Membros do grupo radical islâmico Hamas estão reunidos no Cairo, no Egito, para discutir a troca de centenas de prisioneiros palestinos pelo soldado israelense Gilad Shalit, capturado por militantes palestinos em junho de 2006. Autoridades que participam da negociação disseram ontem que Israel facilitou as condições da troca e indicaram que um acordo pode ser fechado até a semana que vem.Pelo pacto, Israel concordou em soltar até 450 prisioneiros, incluindo um grupo de 160 detidos cuja libertação havia sido vetada. "O caso Shalit está praticamente encerrado", disse um negociador, sob condição de anonimato. No entanto, nem as autoridades israelenses nem os militantes do Hamas confirmaram publicamente a iminência do acordo. "É prematuro falar em um resultado para a troca de prisioneiros", disse Sami Abu Zuhri, líder do grupo palestino. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, também tratou de reduzir as expectativas. "A mídia estrangeira está divulgando vários detalhes da negociação. Mas não se deve confiar nesses relatos, muitos foram distorcidos intencionalmente. As negociações estão ocorrendo, sim, mas longe dos olhos da imprensa", disse o premiê. No domingo, o presidente israelense, Shimon Peres, anunciou um "progresso real" nas negociações, mas disse que os detalhes tinham de ficar nos bastidores. Segundo o acordo, o Hamas - que controla a Faixa de Gaza - entregará Shalit às autoridades egípcias, que vêm mediando a negociação, juntamente com a Alemanha. Depois disso, Israel soltará centenas de prisioneiros palestinos (até 600, segundo a rede britânica BBC), que serão levados para o Egito.Os negociadores afirmaram que o Hamas também cedeu em suas demandas. O grupo palestino teria aceitado a determinação de Israel de que parte dos prisioneiros será enviada para o exílio e não para os territórios palestinos.AÇÃOEm meio às especulações sobre a troca, os pais de Shalit reuniram-se ontem com os negociadores israelenses envolvidos no caso. "É claro que, após tantos anos, queremos ver Gilad em casa o quanto antes. Mas, infelizmente, não posso comentar sobre isso agora. Esse não é um momento para bater papo, mas sim um momento de ação", disse Noam Shalit, pai do militar. O soldado foi capturado por militantes em uma emboscada na fronteira entre Israel e Gaza, numa operação que deixou outros dois militares mortos. Na época, ele tinha 20 anos. A última prova de vida do soldado foi divulgada em setembro, quando Israel concordou em trocar um vídeo de 2 minutos de Shalit pela libertação de 20 presas palestinas.