A maioria dos participantes das reuniões do Fórum Social Mundial é formada por jovens, com elevado grau de escolaridade. Pesquisa por amostragem realizada entre as 150 mil pessoas presentes à mais recente edição mundial do evento, realizada no ano passado, em Belém, mostrou que 64% tinham até 34 anos de idade. No campo da escolaridade, verificou-se que 81% possuíam diploma de curso superior ou estavam na faculdade.Na opinião do sociólogo Cândido Grzybowski, que fez parte do grupo de fundadores do fórum e hoje tem assento no seu conselho mundial, o predomínio de pessoas jovens está ligado à temática e à forma de organização do evento. "Os jovens se identificam com a proposta de questionar e propor alternativas às estruturas que estão aí", diz ele. "Por outro lado, os eventos de organizam de forma horizontal: qualquer jovem pode se inscrever e participar, mesmo sem pertencer a nenhuma organização."A predominância de jovens também sinaliza a presença de organizações que estão emergindo no cenário de militância contra o modelo neoliberal. Em Belém, dois movimentos internacionais voltados para a juventude pressionaram e conseguiram obter assento no conselho mundial.O conselho nasceu dez anos atrás com 80 cadeiras, destinadas, quase sempre, a organizações de alcance internacional. Hoje ele tem 150 assentos e a cada ano aumentam as pressões para a sua ampliação.A parte de coordenação executiva do fórum está a cargo de uma secretaria com 16 integrantes. Ao contrário do conselho, que ainda abriga as entidades fundadoras, a secretaria já se renovou totalmente.Ela abriga pessoas mais jovens e de perfil executivo, com a tarefa de articular as ações do fórum em todo o mundo. Neste ano eles preparam a próxima edição mundial, que irá acontecer na capital do Senegal, Dacar, em janeiro do ano que vem. Neste ano os eventos são descentralizados. Estão previstas 27 ações, entre elas o fórum que começou hoje em Porto Alegre e o Salvador, que inicia na sexta-feira. Até o final do mês também devem acontecer reuniões de alcance regional na Espanha, República Tcheca e Benin. Nos comitês organizadores de Porto Alegre e Salvador também é possível observar a renovação nos quadros executivos. Mas o que mais chama a atenção nos dois locais é a forte presença de centrais sindicais.BANDEIRASA pesquisa realizada em Belém, no ano passado, foi coordenada pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). Ela também mostrou que a questão ambiental é a que mais mobiliza os participantes.Do total, 21% disseram identificar-se com ela. Em segundo lugar apareceu a bandeira dos direitos humanos, com 16%.