Leblon, a Hollywood carioca dos paparazzi

Perseguição de fotógrafos já faz artistas optarem por outros bairros

PUBLICIDADE

"Luana Piovani pega sol na Praia do Leblon"; "Bruno Gagliasso come pizza no Leblon"; "Taís Araújo toma sorvete no Leblon". Todo dia paparazzi que se ocupam exclusivamente em clicar famosos marcam ponto no bairro mais caro do Rio atrás desses "flagras". E de forma tão ostensiva que já tem artista pensando em se mudar."No início era só desagradável. Agora, ficou insuportável. O número de fotógrafos aumentou muito. Estamos conversando sobre sair do bairro", conta a apresentadora Cynthia Howlett, que mora ali com o marido, o ator Du Moscovis, e a filha. "O Du já está deixando de fazer os programas por causa disso. Eles passam o dia com você e te fotografam atrás das árvores."   Camila Pitanga também não gosta do assédio. Antes de engravidar, era vista quase diariamente se exercitando na Praia do Leblon. Agora passeia no Jardim Botânico com seu bebê, o qual tenta preservar das lentes. O bairro, residencial e arborizado, também atraiu o reservado Wagner Moura. Mariana Ximenes - que recentemente declarou "se você não quer ser fotografado não deve ir ao Leblon" - mora em Ipanema (menos "visado", embora badalado).   Apesar de ter shopping com quatro salas de teatro e conhecida área de bares e restaurantes, a vizinha Gávea também é mais tranqüila. Quem conta é Frederico Júdice Araújo, sócio de corretora especializada em imóveis de luxo. "Mas o Leblon é considerado o melhor bairro do Rio hoje", diz. Lá o metro quadrado vai de R$ 7 mil a R$ 10 mil - na Avenida Delfim Moreira, a da praia, custa mais caro.   Luana mora bem pertinho da praia e faz a alegria dos fotógrafos, que, em tempos turbulentos como esses - que se seguem à ruidosa separação do noivo, Dado Dolabella - dão plantão na porta de seu prédio. Embora seja acusada de xingar ou mesmo agredir paparazzi, a atriz, para eles, está na categoria dos que "fingem que não gostam (de serem fotografados), mas gostam". "Luana reclama por reclamar. Toda quarta-feira - dia em que saem revistas como Caras, Contigo, Quem e Isto É Gente -, ela é a primeira a descer na banca para comprar e ver as fotos que fizemos", conta Paulo Teófilo, de 26 anos, que costuma fazer "ronda" de bicicleta bem à vontade: chinelos, mochila com equipamento, bermuda de surfista e regata - o uniforme oficial dos paparazzi cariocas. A rotina não é moleza, mas ele conta que se diverte correndo atrás de famosos e interagindo com sua rede de informantes, formada por ambulantes, garçons e manobristas.   Na quinta-feira, o Estado o acompanhou por uma hora. Com o dia nublado, as areias estavam praticamente vazias. Depois de fazer um clique do ator Marcos Caruso de sunga, pedalando pela ciclovia, ele seguiu para mais uma ronda, a dos restaurantes. O Celeiro, o Quadrucci e o Sushi Leblon, na Rua Dias Ferreira, são os preferidos. De artistas, como Giovanna Antonelli, Carolina Dieckmann, Priscila Fantin, Marília Pêra, Paula Burlamaqui e Silvia Pfeiffer e, conseqüentemente, dos fotógrafos. Eles contam, maliciosamente, que, depois que a dona do Celeiro decidiu dar aos clientes mais privacidade, colocando plantas altas na varanda, a freqüência diminuiu. Funcionários confirmam. A permanência na frente do Teatro do Leblon, o Shopping Leblon, as livrarias Argumento e Letras & Expressões e o BB Sucos também rendem fotos. No Leblon, até supermercado vale plantão.   Barra da Tijuca   Na Barra da Tijuca também há farto material. A praia, "loteada" entre cinco fotógrafos - no Leblon são 12 -, é de jogadores, como Romário e Edmundo, e atores, como Marcelo Novaes e Marcio Garcia. A ex-mulher de Ronaldo, Milene Domingues, e a modelo Karina Bacchi são outras freqüentadoras.   A diferença entre Barra e Leblon é o estilo de vida: no bairro da zona sul, tudo é feito a pé, o que facilita a vida dos paparazzi. Na Barra, muito procurada por artistas jovens e por quem preza a segurança de condomínios fechados, é preciso usar carro para tudo, o que faz as atenções se voltarem para a praia e para os restaurantes e shoppings.   Marcio Garcia está sempre no Pepê jogando futevôlei e não se aborrece em ser observado. "Paparazzi viraram brothers", brincou na quinta-feira, ao lado de Edson Teófilo, fotógrafo de 56 anos, experiente no ramo. "A privacidade é invadida, mas eu penso: se não quer ser fotografado, vá ser médico! Só não gosto que fotografem a bunda da minha mulher." Aos 56 anos, Edson Teófilo, autor das fotos de Chico Buarque namorando no mar do Leblon, está cansado dessa vida. Mas fez sucessor: o filho Paulo, aquele que é a sombra de Luana. "Quero me aposentar. Esse trabalho não me preenche." Nem é tão rentável quanto parece: ele ganhou R$ 1 mil pelas fotos de Chico. As de Luana beijando Felipe Simão, ex de Ivete Sangalo, feitas na semana passada por um colega, foram vendidas por R$ 150.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.