O líder do Partido da República na Câmara, Lincoln Portela (MG), assinou nesta terça-feira o pedido de criação da CPI da Corrupção, um sinal de que os esforços do governo para reconduzir o PR à base aliada ainda não surtiram efeito. Ele foi o 15o deputado do PR a assinar o requerimento apresentado pela oposição depois que a legenda deixou a coalizão governista na semana passada. Até agora, 120 deputados e 20 senadores já formalizaram o apoio à CPI, que deve investigar as denúncias de corrupção no governo. Para criar a comissão são necessárias assinaturas de 171 deputados e 27 senadores. "Eu assinei por uma decisão pessoal e não incentivei outros na bancada a assinar", disse Portela à Reuters. Há uma semana, o presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), anunciou formalmente que o partido estava deixando a base governista e que adotaria uma postura de independência, mas não faria oposição à presidente Dilma Rousseff. Naquela ocasião, Nascimento disse que a relação com o Executivo já não era mais baseada na "confiança" mútua. Três dias depois, Portela e o deputado Luciano Castro (RR), que é vice-líder do governo, foram chamados para uma reunião com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que os convidou em nome da presidente a retornar à base aliada. Na sexta-feira, após a conversa com Ideli, Portela disse à Reuters que uma possível volta exigiria "muita conversa no partido." Além de assinar a CPI, na primeira votação no plenário da Câmara depois de adotar postura independente, na quarta-feira passada, os deputados da legenda votaram em massa contra uma medida provisória do governo. (Por Jeferson Ribeiro)