Líder norte-coreano afasta aliados do pai e reforça marca no poder

PUBLICIDADE

Por DAVID CHANCE

O jovem líder da Coreia do Norte promoveu um militar do Exército a vice-marechal, depois de demitir o chefe do Estado-Maior, numa manobra vista pela rival Coreia do Sul como uma tentativa de impor a autoridade dele sobre as Forças Armadas, que há décadas sustenta o regime comunista da família Kim no miserável país asiático. Mas analistas disseram que as mudanças, sete meses após a ascensão de Kim Jong-un ao poder, não alteram fundamentalmente as políticas que foram implantadas por seu pai e seu avô, com prioridade para a estrutura militar do país. A imprensa estatal norte-coreana noticiou na terça-feira a promoção do relativamente desconhecido militar Hyon Yong-chol à patente de vice-marechal. Hyon, que supostamente tem pouco mais de 60 anos, começou a ascender na estrutura do regime em 2007, e sua posição na elite governante foi confirmada pelo fato de ele ter participado da delegação oficial que acompanhou o funeral do ex-líder Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un, que morreu em dezembro. Generais sexagenários são considerados jovens na Coreia do Norte, onde remanescentes da luta contra o Japão empreendida pelo fundador do regime, Kim Il-sung, continuam na ativa após os 80 anos de idade. Não ficou claro se Hyon vai substituir Ri Yong-ho como chefe do Exército norte-coreano, um dos maiores do mundo. A Reuters teve acesso a uma avaliação do governo sul-coreano segundo a qual cerca de 20 oficiais de alto escalão foram expurgados desde a ascensão de Kim Jong-un ao poder. "O expurgo de Ri poderia ser uma mensagem para os novos militares, já que (as Forças Armadas) continuam sendo uma ameaça ao regime de Kim Jong-un, embora tenham servido a um propósito importante ao ajudar Kim a ascender ao trono", disse o relatório sobre a demissão de Ri. Kim, que estudou na Suíça e supostamente tem menos de 30 anos, tem adotado uma imagem mais descontraída do que seus antecessores, e já foi mostrado pela imprensa estatal visitando feiras de variedades, falando em público e aplaudindo um show de rock no fim de semana. Mas ele não parece ter feito praticamente nada para resolver os graves problemas econômicos do país, onde segundo a ONU um terço das crianças está desnutrida. O analista Koh Yu-hwan, da Universidade Dongguk, em Seul, disse que "Kim Jong-un está embaralhando as coisas para estabelecer um sistema que se adeque à sua era, e para superar o período de transição que foi deixado por seu pai". "Vamos ver muitos personagens desconhecidos na era de Kim Jong-un", acrescentou. (Reportagem adicional de Jack Kim, Christine Kim e Jumin Park)

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.