Os líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) devem ser transferidos amanhã de manhã para a Centro de Reabilitação Penitenciária, em Presidente Bernardes, prisão de segurança máxima inaugurada em abril e única a contar com sistema de bloqueio de telefones celulares. A cúpula da facção criminosa foi indiciada em inquéritos policiais no Departamento de Investigações contra o Crime Organizado (Deic) sob as acusações de formação de quadrilha, homicídio, seqüestro e atentados a bomba em fóruns. Vinte cinco homens e mulheres foram levados ao Deic ontem a fim de serem interrogados. A transferência desse grupo será feita de avião. Entre eles estão os três homens do primeiro escalão do PCC - Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, José Márcio Felício, o Geleião, e Cesar Augusto Roris, o Cesinha. Os detalhes da operação foram acertados hoje à tarde pelo delegado-geral, Marco Antonio Desgualdo, e pelo diretor do Deic, Godofredo Bittencourt Filho. Bandidos perigosos O CRP de Presidente Bernardes tem capacidade para abrigar 160 presos - lá estão cerca de 50 homens, todos bandidos perigosos como o seqüestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho. As celas no lugar são individuais e têm cerca de 8 metros quadrados. Os presos saem quatro vezes por semana, durante uma hora, para o pátio interno para tomar banho de sol. Eles só têm contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita - não podem ver TV ou ouvir rádio ao contrário dos presos em outras penitenciárias. Ali, não recebem visita íntima. São quatro refeições por dia. A transferência dos líderes do PCC para o CRP de Presidente Bernandes para isolá-los dos demais presos é o ato final da investigação do Deic que durou quatro meses e provocou a megaoperação realizada ontem. A Polícia Militar invadiu 15 prisões, revistando-as em busca de armas, drogas e telefones celulares. A Polícia Civil identificou 41 integrantes da cúpula da organização, 18 dos quais foram presos durante a apuração - os demais já estavam nas prisões. A polícia grampeou mais de cem telefones celulares e, por meio das gravações, encontrou indícios da autoria de diversos crimes, inclusive obtendo informações sobre os mandantes, como Cesinha, apontado como responsável por atentados em fóruns, pela invasão de uma delegacia na qual morreram dois policiais, por um atentado contra um agente penitenciário e pela morte de Dionísio Aquino Severo, o preso que fugira de helicóptero de uma prisão em Guarulhos.