Ligação do clã com a Cosa Nostra começou em 1890

Conexão entre a ?famiglia? e os EUA se solidificou em 1947, quando Gaetano Badalamenti foi para Nova York

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Por Redação
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A história da família Badalamenti se confunde com a da Cosa Nostra, desde que o citricultor Bartolomeo Badalamenti se transformou em próspero exportador de frutas de Cinisi, na Sicília, para os Estados Unidos, em 1890. Era a época em que a Cosa Nostra começava a operar nas obras de caridade e demonstrava seu poder político despejando votos em candidatos às eleições provinciais. Bartolomeo estabeleceu as primeiras ligações do clã dos Cinisi com Nova York. Em 1947, as relações da famiglia com a América se tornariam mais sólidas. Foi quando o jovem Gaetano Badalamenti, Dom Tano, desembarcou em Nova York. Usando os contatos de seu irmão, estabelecido em Detroit, ligou-se às famiglie nova-iorquinas Bonano e Gambino. Em 1950, foi expulso dos EUA por causa de suas atividades mafiosas. Mas, antes, teve tempo de receber uma das primeiras remessas de heroína importada pela Máfia do Líbano. As conexões de Dom Tano com a América fariam dele o líder de uma organização de tráfico de drogas quase independente dos ramos siciliano e americano da Máfia. Em 1973, ele se tornou o chefe da Cosa Nostra. Mas acabou expulso em 1978 da Máfia pelas outras famiglie - era acusado de enriquecer sozinho. A queda do chefe histórico de Cinisi levou ao poder o clã dos Corleonesi. Badalementi se manteve na Itália até 1981, quando seus aliados das famiglie Inzerillo e Bontade foram dizimados pelos Corleonesi, então chefiados por Salvatore Riina, o Totò. Dom Tano fugiu para o Brasil e escapou da guerra de Máfia que deixou de 500 a mil mortos - muitos corpos das vítimas desapareceram. Foi convidado a ficar aqui pelo amigo Tommaso Buscetta (Dom Masino), mas decidiu ir morar nos EUA. Dom Tano queria que Buscetta liderasse um retorno à Sicília, para se vingar dos Corleonesi, conforme este revelaria ao juiz italiano Giovanni Falcone. Buscetta se recusou. Acabaria preso no Brasil em 1983 e se tornaria o primeiro chefão a revelar os segredos da Cosa Nostra, levando centenas de mafiosos à prisão nos Estados Unidos e na Itália. Entre eles estaava Dom Tano, cuja rede de drogas em pizzarias - a pizza connection - acabaria desbaratada em 1984. Proibidos de voltar à Itália, os filhos de Dom Tano, assim como os sobreviventes das famiglie Bontade e Inzerillo, vagavam pelas Américas. Enquanto isso, o processo aberto com a delação de Buscetta se expandiu, com o surgimento de novos arrependidos. A Máfia reagiu. Matou os juízes Falcone e Paolo Borselino, no que seria o começo de sua decadência. O chefão Totò Riina acabaria preso em 1993. Com as prisões de Bernardo Provenzano, o Binnu u Trattori (Bernardo, o Trator), ocorrida em 2006, e de Salvatore Lo Piccolo, Il Barone (o Barão), em 2007, a Cosa Nostra perderia importância. "Ela foi ultrapassada em importância por outras organizações criminosas na Itália, a ?Ndragheta (calabresa) e a Camorra (napolitana)", disse Wálter Maierovitch, presidente do Instituto Giovanni Falcone. Com a morte de Dom Tano na prisão americana em 2004, Leonardo assumiu a chefia do clã Badalamenti. Mesmo assim, não voltou a pôr os pés na Sicília. Controlava tudo daqui, do Brasil.

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