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Lucina respira o mesmo ar de Zélia

Cantora e compositora mostra hoje as nove parcerias do CD + do Que Parece, em que os estilos de ambas se confundem

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Esta semana Ney Matogrosso dividiu o palco com Alzira E, que vai estar com a irmã Tetê, mais Anelis Assumpção e Luz Marina no show que Lucina faz hoje no Sesc Pompeia. As ligações entre eles são muitas e fortes. Lucina vai mostrar as nove parcerias que assina com Zélia Duncan no CD + do Que Parece (Flautim 55). Ney é um dos principais intérpretes da música de Lucina desde o início da carreira-solo, nos anos 1970, quando ela assinava Lucinda. Alzira lançou os dois álbuns mais recentes pelo selo de Zélia, que por sua vez, junto com Ney, é quem mais deu visibilidade à música de Itamar Assumpção, parceiro de Alzira, gravada por ambos os amigos mais famosos. E assim por diante...É uma cadeia de incitadores elos musicais, unidos por um certo "gosto pelo risco", como diz Zélia, e também pelo compromisso com a arte mais do que com o entretenimento. A afinidade com Lucina, certamente uma inspiração antiga para Zélia, que vê na parceira um "estímulo vital", faz com que a musicalidade de ambas se confunda em + do Que Parece. As letras são de Zélia, que já tinha gravado parcerias com Lucina, mas as melodias também poderiam ser. O formato folk, acústico, dos arranjos, é um dado a mais nessa fusão de estilos."Existe uma respiração conjunta", diz Lucina, referindo-se não só à "cumplicidade" dos envolvidos nessa trama, mas no entendimento da parceria na composição. Por isso para ela tanto faz musicar versos pensados para ser letras de música ou bilhetes sem métrica definida - a fluência é natural.Quando ambas começaram, Lucina pegou algumas letras de Zélia para ressaltar à própria autora suas qualidades poéticas. "A primeira que ela me deu para musicar foi Miopia e a partir daí ela foi se firmando na ideia de ser compositora, porque antes só pensava nela mesma como intérprete", lembra Lucina. "Parceiro puxa a emoção um do outro. Quando comecei a fazer as músicas pra Zélia, vieram coisas na onda que ela estava querendo mostrar para o público, quando entrou nessa vertente um pouco mais pop, saindo da MPB." Foi Zélia quem "colocou uma lente de aumento" no lado folk que Lucina tem bem acentuado, assim como a parceira. A soma das partes resultou numa obra "que já tem uma identidade". No encarte do CD, Zélia afirma que Lucina a faz existir mais como autora e que deve muito a ela nesse aspecto. "Peguei carona na coragem, no gosto pelo risco, pelo que pode parecer menos padrão, mais emoção", diz. "Adoro me misturar com o que me acrescenta, com que me causa admiração e estímulo."Tanto no CD como no show, a sonoridade - "que sorri entre as faixas", nas palavras de Zélia - está nas mãos dos músicos Ney Marques (que toca violão, guitarra e bandolim, divide a produção com Lucina e fez a direção musical), Bosco Fonseca (baixo), Décio Gioielli (kalimbas e steel drums) e André Rass (percussão), além do violão de Lucina e participações de Tetê, Alzira, Luz e Anelis nos vocais em algumas faixas. E não é por falta de música que Lucina escolheu apenas nove. Ela e Zélia já têm cerca de 60 parcerias. Seu CD anterior, Música em Mim, também tinha o mesmo número de faixas. "Acho que em nove canções você tem uma síntese muito interessante em torno de uma ideia. Não tem sobra, é tudo bem amarrado."Vale destacar a bela Olhos de Marte, que abre o CD, intensa como Hora Marcada e Dias e Noites, e Tomzé. Sobre esta, cuja letra escreveu para um filhote de gato que a seguiu pela rua e ela acabou levando pra casa, Zélia comenta: "Fiz uma homenagem ao Tom Zé (amado!) de verdade, tentando brincar com as palavras. E Lucina traduziu em música irresistível, africana."Quando indagada por Ney sobre a definição da sonoridade do CD, Lucina pediu algo semelhante ao que os Beatles faziam, "que além do tema principal da música, tem sempre um desenho, um pedacinho instrumental que também fica marcante". "Pedi que ele me ajudasse a fazer isso nos arranjos", diz. No roteiro, além das nove canções do CD, Lucina interpreta outras das parcerias que Zélia gravou, como Coração na Boca e Miopia, e algo mais. Serviço Lucina. Sesc Pompeia. Teatro (358 lug.). Rua Clélia, 93, tel. 3871-7700. Hoje, 21 h. R$ 16

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