Sob pressão do Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobra de seus auxiliares "medidas urgentes" para o caos que se instalou nos aeroportos em conseqüência das falhas no sistema de controle de vôos. A avaliação no Planalto é a de que o ministro da Defesa, Waldir Pires, e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, têm sido pouco eficientes na condução da crise. A tendência é que ambos sejam afastados de seus postos na reforma ministerial que Lula vai anunciar até o fim deste mês, antes da posse de seu segundo mandato, marcada para 1.º de janeiro. Uma das hipóteses discutidas é de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, assuma o comando de um grupo de gestão que seria encarregado de administrar a crise aérea. Nesse caso, ela desempenharia um papel semelhante ao do ex-ministro Pedro Parente, que em 2001, durante o governo Fernando Henrique, gerenciou o apagão do setor elétrico. O temor de setores do governo, porém, é o de que a escalação de Dilma para essa missão leve a crise para dentro do Planalto, provocando o desgaste de Lula. Enquanto o Planalto busca alternativas, o Congresso aprovou nesta quarta-feira, 6, a criação de duas comissões - uma formada por deputados e outra por senadores - para acompanhar e investigar os problemas no setor aéreo. Os parlamentares decidiram obter informações sobre a crise diretamente do Ministério da Defesa e do Comando da Aeronáutica. O caos dos aeroportos provocou uma seqüência de ataques ao governo, com deputados e senadores cobrando a demissão de Waldir Pires. "Ele não tem mais condições de ser ministro da Defesa", atacou o líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), logo depois de votar a favor da criação da comissão externa. No Senado, o tom dos discursos foram na mesma linha. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) também criticou Waldir Pires: "O ministro da Defesa é incompetente e a Aeronáutica acovardou-se." O senador Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB, ocupou a tribuna do Senado também para cobrar providências do governo, depois de ter enfrentando os problemas no aeroporto, na terça, ao tentar se deslocar para Brasília. "Só um país anestesiado e completamente letárgico pode aceitar o caos que estamos vivendo", afirmou Jereissati. "Em qualquer país civilizado, o ministro da Defesa já teria sido demitido. O presidente da Anac já teria sido demitido. O presidente da Infraero já teria sido demitido. O presidente Lula precisa assumir sua responsabilidade e respeitar os 50 milhões de votos que recebeu", cobrou. As críticas provocaram a reação do ministro de Assuntos Institucionais, Tarso Genro, que deu sinais de que o governo não vai agir com pressa: "O importante é não ter pressa neurótica, temperamental, para enfrentar a crise. É preservar o limite científico e técnico de segurança dos passageiros. O governo tem de escolher entre dois valores: a vida dos passageiros e o desgaste político. É preferível sofrer o desgaste político."