O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou as críticas de que estaria participando hoje, em Santo André, da inauguração de um campus universitário cuja obra só será concluída no ano que vem. Hoje, após inaugurar um dos seis blocos do campus da Universidade Federal do ABC, o Bloco B, Lula disse: "Estou feliz. Estou inaugurando a universidade inacabada do ABC." Como a previsão é de que a construção seja concluída apenas em 2009, Lula prometeu voltar ao campus, em seu aniversário no ano que vem, no dia 27 de outubro, para "inaugurar toda a universidade". "Não falta dinheiro. O dinheiro já está depositado", disse. Durante o evento, Lula disse que ao final de seu mandato cada um de seus ministros deverá "protocolar e registrar em cartório" o que foi feito em sua gestão. Isso deverá ser feito "porque ninguém pode registrar mentira no cartório", explicou. O presidente disse que é um "corpo estranho" na Presidência por não ter diploma universitário. "Não estava previsto que um torneiro mecânico poderia chegar à Presidência", declarou. E citou que pretende criar no País as oportunidades que ele não teve. De acordo com o presidente, 82% dos estudantes universitários de São Paulo estudam em escolas privadas. E criticou: "Houve um pensamento predominante nesse País que dizia que o mercado resolvia tudo. E o mercado pode resolver algumas coisas. Mas o Estado é imprescindível para manter o princípio da Justiça, o princípio da igualdade e o princípio da oportunidade para todos." Lula manifestou o desejo de que seu sucessor na presidência queira fazer mais do que ele, "por questão de orgulho". "No mínimo, vai ter que fazer mais". Reforçando intenção de "nacionalizar as oportunidades", o presidente chamou a atenção para o ProUni, programa do governo federal que distribui bolsas de estudo em universidades privadas. Ele destacou também o ReUni, que destina verbas para melhorar as condições em universidades. O presidente enfatizou a importância da educação na formação de mão-de-obra qualificada. Na sua avaliação, o País tem um "problema". "Está faltando mão-de-obra qualificada no País". E declarou: "Temos que priorizar a formação dessa mão-de-obra." Segundo o presidente, a educação é o investimento de retorno mais rápido "que a gente tem nesse País". O presidente lembrou que a expansão do mercado interno deve ser acompanhada do aumento da capacidade produtiva, destacando que "a lei da oferta e da procura é que determina os preços".
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