Um ano depois de ter estreado em São Paulo, exatamente quando estourou a crise financeira internacional, em setembro de 2008, com a quebra do banco americano Lemann Brothers, o Magazine Luiza diz não se arrepender da investida na capital paulista. A rede já conquistou um milhão de clientes no maior mercado consumidor do País. A cidade de São Paulo representa hoje 14% das vendas da empresa. Para este ano, a perspectiva da companhia como um todo é ampliar o faturamento em 20% ante 2008 e atingir R$ 3,8 bilhões."Nossa meta original era alcançar o ponto de equilíbrio e começar a ter lucro em São Paulo só no último trimestre. Mas conseguimos isso no segundo trimestre", afirma o diretor de Vendas e Marketing da rede, Frederico Trajano. "São Paulo dá volume de vendas. Foi um ótimo negócio." A empresa iniciou as operações em São Paulo com 44 lojas, seis a menos do que previa. Hoje tem 52 lojas e acredita que possa chegar a 60 até o fim do ano. Trajano nega que a meta inicial declarada seria ter 100 lojas na capital até o fim deste ano. Mas reafirma que quer chegar a esse número - só não sabe quando. "Tudo vai depender da disponibilidade de pontos de venda." Em janeiro deste ano, com o cenário incerto, ele disse ao Estado que estudava ajustes na companhia. De fato, Trajano admite que tirou o pé do acelerador no primeiro trimestre. "O conservadorismo foi necessário porque o consumo estava desaquecido. Mas voltamos a contratar em junho." Até agora foram abertas 450 vagas em toda a rede, sem contar as contratações em decorrência da rotatividade normal da mão de obra.A virada do mercado de consumo ocorreu com o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em abril. Em maio, ele diz ter começado a visitar lojas e a observar que havia clientes que não estavam sendo atendidos. "Estávamos com subcapacidade." O diretor calcula que perdeu vendas por causa dessa cautela, mas diz que a correção já foi feita. Tanto é que as vendas de agosto foram melhores que as de maio.Trajano ressalta que o impacto da crise foi muito maior no mercado de capitais do que no mercado de consumo. "A crise alterou os nossos planos de abertura de capital. A empresa trabalhava com a perspectiva de abrir o capital neste ano. O mercado capitais está voltando, mas não voltou com tudo." Por enquanto, a empresa não definiu quando pretende captar recursos no mercado, mas está preparando o terreno. Contratou para ocupar a superintendência Marcelo Silva, um executivo egresso das Casas Pernambucanas, com trânsito no mercado financeiro e especialista em administrar empresas familiares. Segundo Trajano, ele está estruturando quatro diretorias (vendas, compras, financeira e administrativa) que ficarão sob o seu comando. A presidente da empresa, Luiza Helena Trajano, ficará mais voltada para a área estratégica da rede. O diretor nega que Luiza Helena tenha saído do dia a dia da empresa. "Ela está como o Bill Gates quando ocupava a presidência da Microsoft e acumulava o cargo de desenvolvedor de software", compara.INTRIGARecentemente circularam boatos no mercado de que a rede não estaria pagando os fornecedores em dia e teria parado de comprar produtos porque estaria enfrentando uma situação financeira difícil. Trajano nega veementemente essas informações. "A empresa tem 52 anos de vida e nunca atrasou um dia o pagamento. Temos geração de caixa positivo e temos tido sucesso com a principal empreitada do ano, que são as lojas de São Paulo", afirma o diretor.Além disso, lembra que a companhia quase comprou o Ponto Frio, que demandava desembolso de R$ 1 bilhão. "Empresa que atrasa fornecedor não compraria o Ponto Frio", pondera. Ele aponta os sócios BNB Paribas, Itaú/Unibanco e Capital Group, três das maiores instituições financeiras do mundo, segundo ele, como trunfos que demonstram a solidez financeira da rede de 455 lojas. "Isso soa como artifício de concorrente para desestabilizar quem está bem, crescendo e ganhando mercado."
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