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Tecnologia, frevo e bolo de rolo

O ano está acabando e eu gostaria de fechá-lo com uma coluna que mostrasse que existe um Brasil que dá muito certo nas fronteiras da tecnologia e do desenvolvimento

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Por Manoel Lemos

Meu presente de Natal veio adiantado neste ano. No meio do ano, fui convidado para fazer parte do conselho de diretores do C.E.S.A.R., o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife. Como um bom nerd e um estudante de Engenharia da Computação razoável, sempre acompanhei as histórias sobre o que uma turma de engenheiros, cientistas, designers e educadores aprontavam lá em Recife. Prêmios em Olimpíadas de Robótica, desenvolvimento de produtos e serviços para as principais empresas de tecnologia do mundo e, o principal, a multiplicação do conhecimento em tecnologias da informação, comunicação e design através dos profissionais que passaram ali. Porém, para quem não é da área, ou não mora por ali, esta história não é tão conhecida. Devia! 

Área do Recife Antigo virou berço do Porto Digital Foto: Porto Digital

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Na engenharia, costumamos dizer que não é uma única falha que derruba um avião. Vou ousar e dizer que, neste caso, também não é uma única peça boa que coloca em um foguete em orbita. O C.E.S.A.R. faz parte de um ecossistema incrível que começou a ser criado em Recife nos anos 2000, o Porto Digital de Recife. Criado em parceria entre o Governo do Estado e a iniciativa privada, o Porto Digital, nasceu no centro histórico de Recife e ajudou a transformar uma região degrada num vibrante ecossistema de inovação, com um sincretismo que só poderia existir no Brasil. Prédios históricos renovados abrigam mais de 340 instituições ligadas à tecnologia.

Grandes empresas, startups, centros de pesquisa e escolas. Tudo conectado ao universo da tecnologia e da economia criativa e mostrando que políticas públicas para o desenvolvimento tecnológico podem dar certo sim!

Não bastasse, e de olho nos desafios do futuro, a educação nas áreas correlatas é um foco na região. Já escrevi por aqui da importância de formarmos mais profissionais da áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática – ou como dizem lá fora, a sigla STEM (Science Technology Engineering and Mathematics). Recife é a capital com o maior número per capita de alunos cursando cursos superiores de computação no país. Um estudante de computação para cada 346 habitantes. É mais do que o dobro da densidade em São Paulo e quase o triplo do Rio de Janeiro. Pelo jeito, vamos ter tecnologia como tradição junto do Frevo e do Bolo de Rolo.

O ano está acabando e eu gostaria de fechá-lo com uma coluna que mostrasse que existe um Brasil que dá muito certo nas fronteiras da tecnologia e do desenvolvimento. Espero que em 2020 este tipo de história seja mais comum e faça mais parte do nosso Brasil. Boas festas!É SÓCIO DO FUNDO REDPOINT EVENTURES

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