Esqueça os estereótipos. A entrada de Mike Tyson no boxe, a origem da violência, a condenação por estupro em 1992. Ele não é o brucutu que parece. Tyson (o filme) desconstrói o mito e propõe um personagem mais humano e complexo. Quem dirige é James Toback, do cult Fingers, que o francês Jacques Audiard refilmou como De Tanto Bater Meu Coração Parou.Os documentários sobre esportes não são muitos, mas chegam a se constituir numa vertente específica aqui no Festival do Rio. O melhor é Maradona por Kusturica, que assinala o encontro de dois megalomaníacos, o diretor bósnio Emir Kusturica, vencedor de duas Palmas de Ouro - por Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios e Underground, Mentiras de Guerra -, e o astro argentino Diego Maradona.Ambos partem do princípio de que são os reis do mundo. Kusturica, o maior diretor, e Maradona, o maior jogador. Oh, sim, você poderá lembrar que Edson Arantes do Nascimento foi eleito o atleta do século, mas se Pelé é um mito, o homem não suscita a paixão de Don Diego, que se expõe frente às câmeras de Kusturica como nenhum jogador brasileiro, muito menos Pelé, ousaria fazer. Kusturica também usa o jogador para falar de si, do seu cinema. Maradona por Kusturica é, no cinema, o equivalente do texto brilhante que Eduardo Galeano dedicou ao jogador. É pegar ou largar e o "esquerdismo" de Maradona presta-se às críticas rasas de vocês sabem quem. Na dúvida, fique com o filme. É genial. L.C.M.