Marajás da Câmara Municipal de SP ganham até R$ 48 mil

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Alguns funcionários da Câmara Municipal descobriram o milagre da multiplicação dos seus salários. Utilizando brechas legais e se valendo de ações judiciais, esses servidores conseguiram elevar seus vencimentos padrões de R$ 3,1 mil para mais de R$ 20 mil em salários líquidos. Uma auditoria que está sendo feita pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) a pedido da Mesa Diretora da Câmara descobriu que pelo menos 50 funcionários ganham mais de R$ 10 mil por mês. O Jornal da Tarde teve acesso aos oito maiores valores pagos aos servidores. O maior salário é de R$ 48.464. Com descontos, esse funcionário recebe R$ 26.794,00. Sozinho, esse servidor conseguiria bancar o programa Fome Zero da cidade de Guaribas, que tem 500 famílias cadastradas - e ainda sobraria dinheiro. A auditoria na folha de pagamento foi pedida porque a atual Mesa Diretora quer reduzir os gastos com a folha de pagamento. O orçamento da Câmara Municipal deste ano é de R$ 213 milhões. Desse total, R$ 150 milhões estão comprometidos com o pagamento dos cerca de dois mil funcionários da Câmara - entre funcionários concursados, celetistas, inativos, comissionados e dos gabinetes dos vereadores. "Com a reforma administrativa, conseguiremos reduzir os custos e alguns vencimentos salariais", afirma o presidente da Câmara, vereador Arselino Tatto. A categoria que é mais beneficiada com salários elevados é a de assessores. Eles têm como função fazer pareceres jurídicos e legislativos. Graças à formação jurídica, a maioria deles conseguiu elevar seus salários recorrendo à Justiça aproveitando brechas legais. O último recurso obtido deixou a Mesa Diretora - formada por vereadores que têm como função zelar pelas despesas e trabalhos da Câmara - irritada. Agora, os funcionários não precisam mais se preocupar com o teto salarial - em tese, nenhum deles poderia ganhar mais que a prefeita Marta Suplicy. A diferença entre o salário bruto e o líquido será reduzida, o que significa que esses funcionários - 15 deles entraram com a ação - vão ganhar ainda mais. "Precisamos fazer a reforma administrativa com urgência para impedir que apareçam novos casos", afirma o segundo vice-presidente da Câmara, vereador Cláudio Fonseca (PC do B). Como professor da rede municipal há 20 anos, seu salário não chega a R$ 1 mil. "Não são todos os funcionários da Câmara que têm os salários elevados", afirma Fonseca. Segundo o vereador, a reforma administrativa tem como principal alvo os funcionários com vencimentos elevados. Esses salários acabam chegando a valores estratosféricos porque, a cada cinco anos, os funcionários recebem um prêmio. Além disso, engordam seus vencimentos agregando gratificações especiais, como vantagens pagas além do teto. Quando os valores começam a ficar elevados, o funcionário entra na Justiça e pede para receber benefícios, mesmo que o valor seja acima do permitido. Há ainda funcionários que ganharam o direito de receber a verba honorária, igual a dos Procuradores Municipais. Toda vez que o município tem uma vitória numa ação pecuniária, os procuradores ganham a verba honorária - e os funcionários da Câmara também. Mesmo sem participar da ação. Confira os salários mais altos da Câmara Municipal de São Paulo

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.