Como se esperava, a apresentação da Nação Zumbi com convidados, no Marco Zero, centro da capital pernambucana, virou uma grande celebração. Foi o último show da primeira noite da Feira Música Brasil, marcada por uma série de atrasos, desde a abertura oficial, no Cine Teatro Apolo. A Nação entrou no palco quase uma hora depois do horário previsto. O show foi interrompido duas vezes, uma delas por conta de uma certa confusão no meio do público já bem doido, durante um solo do guitarrista Lúcio Maia, que mandou todo mundo calar a boca. O vocalista Jorge Du Peixe também deu uma bronca nos fãs, já que ia pegar mal mostrar aquelas imagens, na primeira gravação de DVD da banda na cidade. Fora isso e alguns problemas técnicos de som, o show transcorreu em ritmo alucinante.A Nação sempre faz apresentações memoráveis para grandes plateias. Essa não foi diferente nesse sentido. Anunciado por uma voz em off como um show histórico, foi um excelente apanhado de 15 anos de carreira, com certa ênfase na efeméride do antológico álbum Da Lama ao Caos, de 1994. A arrancada foi bombástica com canções mais recentes, Fome de Tudo e Hoje, Amanhã e Depois. Logo depois de Bossa Nostra houve a primeira interrupção de mais de 10 minutos para ajustes no som. Alguns disseram que era para a produção dar um toque pro Lúcio Maia parar de fazer tanta careta. Ele realmente estava com a macaca, espremia os olhos, se contorcia, fez a guitarra gemer de prazer. Não só Maia, mas a banda toda deu o sangue - o que não é nenhuma novidade. E ganhou tremendos reforços dos metais da Fuloresta (em Nascedouro), depois com Siba juntando-se a eles em Trincheira.A participação do parceiro Fred04, do mundo livre s/a, em Rios, Pontes e Overdrives, foi um dos picos do show, bem como a sequência com Coco Dub, Cidadão do Mundo e Maracatu Atômico (Jorge Mautner/Nelson Jacobina), em renovadora versão rock-samba, bem diferente das outras já feitas. Ainda teve Arnaldo Antunes em Antene-se, com ares de punk-rock, dançarinos coloridos de maracatu (meio macumba pra turista, mas de bonito efeito), e, na matadora sequência final, os Paralamas do Sucesso em A Praieira, Selvagem e Manguetown. O público gritou várias vezes em coro o nome de Chico (Science), que até apareceu em forma de boneco gigante, como se vê no carnaval. Não se parecia muito com ele, mas valeu a intenção.Outro momento de fervo da noite foi a participação de Mano Brown e mais dois rappers no show da Banda Black Rio, que abriu a programação. A suingante banda carioca de William Magalhães lembrou clássicos como Maria Fumaça, e Mistério da Raça (Luiz Melodia), misturando soul, funk, samba e gafieira, mas foi na levada hip-hop de A Mente do Vilão e, principalmente, Vida Loka, com Brown no comando, que abalou a praça.Em seguida, a banda brasiliense Móveis Coloniais de Acaju não fez por menos. Com seu som acalorado também pelos metais, como a Black Rio, a trupe do carismático vocalista André Gonzáles mostrou que de médio porte já caminha para se tornar uma grande banda - melhor ao vivo do que nos CDs, que eles disponibilizam para baixar de graça. Os fãs levaram todo o repertório na ponta da língua e teve até momento de interação, quando os sopros e André desceram até a plateia.Com dois palcos, L (de left, esquerdo) e R (de right, direito), os shows devem seguir sem atrasos ou grandes intervalos nas noites seguintes do evento, com as atrações se alternando. No primeiro dia, o L ficou reservado só para a Nação, por conta da gravação do DVD. As rodadas de negócios, painéis e palestras começariam ontem. Além de debater e buscar soluções para o mercado, o forte do evento, anunciado como o maior do gênero na América Latina, são os shows, como comentou um dos diretores executivos Carlos "KK" Mamoni. Começou muito bem. O repórter viajou a convite da organização do evento