Um centro remodelado, transformado em um pólo gerador de empregos, recuperado do ponto de vista urbano e uma região atrativa para viver. Nunca faltaram propostas para recuperação do região, mas poucas passaram da fase de projeto. A prefeita Marta Suplicy (PT) apresentou hoje um novo programa com a promessa de que, a partir do próximo ano, haverá um novo impulso para a recuperação da área. O Programa de Reabilitação do Centro é amparado em um financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que deve ser assinado até o fim do ano. O projeto prevê o investimento de US$ 200 milhões na área. A previsão inicial é que o BID financie US$ 100 milhões e o restante seja completado com o orçamento da Prefeitura. O empréstimo só foi possível porque as negociações com o banco são anteriores ao processo de renegociação da dívida do Município, em 1999, que proibiu a Prefeitura de contrair novos empréstimos. "O novo plano foi apresentado aos técnicos do BID ontem e o dinheiro deve chegar entre seis e oito meses", disse a prefeita. Nos próximos meses, segundo ela, haverá os acertos finais das propostas técnicas e o encaminhamento burocrático na sede do banco, nos Estados Unidos, para formalização do contrato. O programa prevê uma série de ações articuladas até o fim de 2004. No novo acordo com o BID, a área beneficiada será de 4,4 quilômetros quadrados e abrangerá os distritos Sé e República. Nos estudos anteriores da Prefeitura, a intenção era incluir toda a região da Administração Regional da Sé, incluindo bairros como Santa Cecília e Pari. "Os técnicos do BID acharam que a área estava grande demais", justificou a prefeita, referindo-se ao programa Reconstruir o Centro, versão anterior do novo projeto. Uma das idéias principais é a criação da Agência de Desenvolvimento Econômico do Centro. Trata-se de uma entidade pública que será vinculada ao Programa de Requalificação do Centro (Procentro). Formada por representantes da Prefeitura e da sociedade civil, o objetivo da agência será definir uma estratégia econômica para o centro, atrair novos investimentos, produzir informações e elaborar programas de trabalho e renda. "Não podemos ter a ilusão de que o centro será recuperado em dois ou três anos e sem o investimento privado", explicou a vice-presidente da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) e presidente do Procentro, Nadia Somekh. Segundo ela, a diferença do programa e de outros elaborados nas administrações anteriores é o impulso político da atual administração. "Desde 1992 só se fez discurso em relação ao centro", disse Somekh, referindo-se às administrações dos ex-prefeitos Paulo Maluf (PPB) e Celso Pitta (PSL). Ela lembrou que alguns programas já estão em andamento, como a reforma da Praça do Patriarca e o programa de intervenção em um quadrilátero na região da Praça da República. Além da agência, estão previstas intervenções urbanas em áreas públicas, como o Parque Dom Pedro II e Praça Roosevelt, reformas pontuais em ruas centrais e novos terminais de transporte. Uma das novidades é a alteração paisagística do início da Avenida 9 de Julho, um dos principais acessos ao centro. "Queremos melhorar a entrada do centro", disse Nadia. Parte do dinheiro também será investido em programas de moradia de baixa renda. O secretário municipal da Habitação, Paulo Teixeira, lembrou que vários prédios já estão sendo recuperados para serem transformados em habitação popular. Além disso, a Prefeitura quer elaborar um plano de aluguel de imóveis para pessoas que não tiverem condições de aderir aos planos de habitação. "É muito comum na Europa as pessoas de baixa renda que não têm condições de comprar um imóvel partir para o aluguel", observou a prefeita. Um dos principais alvos da Prefeitura é a Favela do Gato, na Marginal do Tietê. O problema da violência também será abordado nas ações sociais. "Na região do Glicério vamos negociar um pacto de não-violência", disse Somekh, referindo-se à um dos bairros mais violentos do centro. Segundo o secretário municipal das Finanças, João Sayad, os valores da contrapartida financeira serão definidos apenas quando o contrato estiver pronto para ser assinado. Ele afirmou que o orçamento de 2003 vai definir a divisão de recursos e os valores que devem ser destinados para a execução do programa. De acordo com a prefeita, o dinheiro gasto em programas em andamento serão incluídos na contrapartida financeira.