Material recolhido pela Marinha não pertencia a avião da Air France

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Por Monica Bernardes e RECIFE
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Frustração. Foi esse o sentimento expressado, na noite de ontem, pelo Comando da Aeronáutica ao admitir, no Cindacta-3 (Recife), que os fragmentos encontrados e resgatados no mar não pertenciam ao voo 447 da Air France, que desapareceu no domingo na rota Rio-Paris. De acordo com o diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), brigadeiro Ramon Borges Cardoso, o pallet (um porta-bagagem) içado, no início da tarde, pela Marinha é de madeira. As duas boias que a Aeronáutica chegou a afirmar que haviam sido resgatadas, na realidade nem sequer chegaram a ser levadas a bordo. "Podemos afirmar com 100% de certeza que o material localizado não faz parte da aeronave da Air France. Existem pallets de madeira, mas não é o caso desse avião. Esse fato é importante para mostrar o grau de dificuldade que estamos enfrentando. Infelizmente, estamos sujeitos a encontrar, dentro de uma área tão grande, objetos que não passam de lixo. Mas não vamos desistir. O trabalho continua", afirmou o brigadeiro. O pallet será levado até Fernando de Noronha e posteriormente descartado. De acordo com o comandante do Decea, as manchas de óleo localizadas ao norte de Fernando de Noronha, a uma distância de aproximadamente 700 km do arquipélago, também não pertencem à aeronave francesa. "Descartamos essa possibilidade, por causa da quantidade de óleo encontrada. Num avião, essa quantidade não passa de 50 litros em cada motor. Mas as manchas que encontramos são bem maiores", destacou. A Aeronáutica e a Marinha continuam investigando se pequenas manchas localizadas, aparentemente de querosene de avião, pertencem ao 447. "Estamos tentando comprovar esse fato. As amostras recolhidas estão sendo testadas, mas temos praticamente certeza disto." De acordo com a Aeronáutica, a área de buscas poderá ser ampliada a partir de amanhã, dependendo do resultado do rastreamento feito pelo avião R-99, equipado com radar. "A aeronave fará sobrevoos durante toda a madrugada. Se houver novas informações, a partir da leitura eletrônica, vamos enviar os helicópteros para esses pontos. Se não, iniciaremos uma varredura a partir dos cálculos que estamos fazendo, levando em conta as correntes marítimas." O voo 447 tinha 216 passageiros e 12 tripulantes, de 32 nacionalidades, incluindo 7 crianças e 1 bebê. Segundo a Air France, havia 59 brasileiros. JOBIM O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que vinha fazendo o balanço das operações de busca ao fim de cada dia, saiu ontem de cena, alegando problemas de saúde. Na última entrevista, ele disse ser praticamente impossível haver sobreviventes e, com base nos destroços, negou a hipótese de explosão. COLABOROU VANNILDO MENDES

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