Certamente, você já escutou algo sobre NFTs, os tokens não-fungíveis que possuem ativos digitais vinculados a eles, como imagens, vídeos ou qualquer outra coisa. A estrutura de registro em blockchain garante a autenticidade e exclusividade desses itens.
Jack Dorsey, CEO do Twitter, vendeu o seu primeiro tuíte por US$ 2,9 milhões. Kevin Roose, repórter do jornal The New York Times, comercializou uma imagem da sua coluna por U$ 560 mil. A revista Fortune arrecadou US$ 1,3 milhões vendendo 256 cópias de uma das suas capas. Uma foto de LeBron James jogando basquete foi comprada por U$ 400 mil. Sem falar na Beeple, a obra de arte digital, que não deixa de ser um simples arquivo de imagem JPG, leiloada por U$ 69 milhões pela tradicional casa de leilões Christie’s. Tudo via NFTs.
Se isso não faz sentido para você, saiba que é assim para muita gente. Mas meu ponto aqui é outro. Não se trata só da obra vendida por U$ 69 milhões. Para mim, o que aproxima os NFTs da vida real é o que há por trás deles: o conjunto de ações que os proprietários desses tokens podem exercer. Aí a conversa fica interessante.
Você não paga uma anuidade para ter um cartão de plástico na carteira; você paga para ter acesso a crédito. Você não compra um bilhete com um QR Code impresso nele; você compra o acesso a um avião que lhe transporta de um ponto A para o B. Você não obtém um tíquete de papel com um código de barras; você obtém a entrada em um show da sua banda favorita.
Não são esses itens físicos (cartão, bilhete ou tíquete) que despertam o desejo de compra nas pessoas. São os benefícios por trás deles.
O principal item dos NFTs que pode impactar nossas vidas são os contratos inteligentes. Por exemplo: digamos que você tem uma pizzaria e resolve criar um cartão-fidelidade. Para isso, você coloca 100 tokens à venda por R$ 100 cada. Esses tokens são cartões digitais com a foto de uma pizza e um contrato associado a eles. Quem comprar uma dessas “fotos” tem 10% de desconto em qualquer pedido e prioridade na lista de espera. Com o tempo, esses benefícios se tornam conhecidos e mais pessoas querem tê-los. Os atuais proprietários, então, podem vender esses tokens em uma plataforma de negociação de NFTs e lucrar com a operação. Os novos compradores passam a ter direito aos benefícios do cartão-fidelidade. E a pizzaria ganha uma comissão na venda porque colocou isso em contrato.
Percebeu o potencial? Seja consciente desse outro “lado” dos NFTs. Ele não chama tanta atenção quanto a obra de US$ 69 milhões, mas certamente é mais aplicável à sua vida. Só para constar, o primeiro restaurante do mundo baseado em NFTs acabou de ser lançado em Nova York.
*É SÓCIO DA PLATAFORMA PARA STARTUPS STARTSE