O candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos, John McCain, defendeu nesta quarta-feira uma integração maior entre os EUA e os países latino-americanos e que o Brasil faça parte do G8. Em discurso sobre política externa em Los Angeles, McCain afirmou que os EUA precisam ter uma diplomacia mais vigorosa e realizar novos esforços para melhorar as relações com os aliados do país, atualmente abaladas. "A América Latina hoje é cada vez mais vital para o bem-estar dos Estados Unidos", disse ele em discurso sobre política externa em Los Angeles. "Nossas relações com nossos vizinhos do Sul devem ser governadas por respeito mútuo, não por impulsos imperiais ou por demagogia anti-americana", completou. Sem mencionar diretamente Cuba e Venezuela, os principais críticos de Washington na região, McCain defendeu para o continente um futuro dominado por democracias e o livre-comércio. Ele disse que a relação hemisférica poderia ser um exemplo de relações Norte-Sul no século 21, em discurso no qual mencionou o Brasil como uma das potências democráticas do mundo atual, ao lado de Índia, Austrália, Coréia do Sul e outras. "Nós deveríamos começar garantindo que o G8, grupo dos oito Estados mais industrializados, se torne novamente um clube das principais democracias de mercado; ele deveria incluir Brasil e Índia, mas excluir a Rússia", disse McCain. "Em vez de tolerarmos a chantagem nuclear ou os 'ciber-ataques' da Rússia, as nações ocidentais deveriam deixar claro que a solidariedade do Otan, do Báltico ao Mar Negro, é indivisível e que as portas da organização permanecem abertas para todas as democracias comprometidas em defender a liberdade", acrescentou. "CIDADÃO MODELO" Distanciando-se da postura diplomática algumas vezes unilateral adotada pelo atual presidente do país, George W. Bush, McCain disse que os EUA precisam assumir suas responsabilidades de líder mundial e se tornarem "cidadão modelo" da comunidade global. "Os EUA não podem liderar por meio apenas de sua força", afirmou o senador pelo Estado do Arizona, que acaba de voltar de uma viagem durante a qual visitou o Oriente Médio (Iraque inclusive) e a Europa. As declarações foram dadas durante um pronunciamento realizado no Conselho de Assuntos Mundiais, na Califórnia. "Nossa força imensa não significa que podemos fazer qualquer coisa que desejamos quando bem desejamos, e nem que deveríamos pressupor termos todos os conhecimentos e opiniões necessários para vencer. Nós temos de ouvir as opiniões de nossos aliados democráticos e respeitar o desejo coletivo deles", afirmou. McCain, criticado pelos democratas por manter-se próximo demais das políticas de Bush, membro também do Partido Republicano, reconheceu que os EUA, após cinco anos de guerra no Iraque, possuem hoje uma imagem manchada na comunidade internacional. "Exercer uma liderança no mundo de hoje significa aceitar e cumprir nossas responsabilidades na condição de uma grande nação. Uma dessas responsabilidades diz respeito a ser um aliado eficiente e confiável para as democracias irmãs", disse. McCain repetiu sua oposição à tortura e disse que os EUA deveriam fechar a prisão militar da base de Guantánamo (na Ilha de Cuba), onde mantêm encarcerados acusados de terrorismo. "Os EUA precisam ser cidadão modelo se desejam que os outros nos olhem como um modelo", afirmou. "A forma como agimos internamente reflete-se na forma como somos vistos no exterior. Não podemos torturar ou tratar de forma desumana os acusados de terrorismo que capturamos." O governo Bush nega torturar seus prisioneiros, mas admitiu ter lançado mão de uma técnica de interrogatório que simula afogamento e que é considerada um tipo de tortura. McCain já conquistou na prática a vaga republicana para participar das eleições de novembro, quando enfrentará o vencedor das prévias realizadas pelo Partido Democrata e nas quais se enfrentam Hillary Clinton e Barack Obama.