Médico é detido por susposta prática de abortos em SP

PUBLICIDADE

Por Redação
1 min de leitura

O médico Isaac Abramovich, de 71 anos, que foi detido, na tarde desta terça-feira, sob suspeita de praticar aborto clandestino, numa clínica em Pinheiros, zona oeste da capital paulista, e que foi fechada pela Vigilância Sanitária, é um velho conhecido dos que luta pelos Direitos Humanos e ex-presos político brasileiros. Membro da equipe do polêmico legista Harry Shibata, participou da elaboração de laudos falsos para vítimas de tortura do regime militar, como no caso Waldimir Herzog. Shibata era acusado, inclusive de instruir os torturadores a não deixar marcas de suas ações nos corpos dos torturados. Abramovich é acusado de emitir laudos necroscópicos falsos de vítimas da polícia política, nos anos 70, quando trabalhava no IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo. Num artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo consta que, em 1973, ele teria assinado o laudo de Alexandre Vannucchi Leme, no qual afirma que o estudante teria sido vítima de atropelamento. O médico insinuava que Vannucchi teria se atirado sobre um automóvel em movimento, mas presos políticos e policiais confirmam que o militante foi torturado. A polícia vinha investigando Abramovich pela prática ilícita de aborto, em condições precárias. Na clínica do médico, a Vigilância Sanitária encontrou seringas descartáveis, que estavam sendo reaproveitadas e medicamentos fora da validade, além de muita sujeira. Havia também uma passagem secreta, que dá em um quarto sem janelas, com ar rarefeito, para onde se suspeita que ele mandava as pacientes, em caso de batida policial. E onde se escondia temendo a prisão. Mais tarde, em sua casa, foram encontrados mais medicamentos vencidos e quatro armas, sem os respectivos registros. Ele foi levado para a delegacia de Pinheiros (14º DP) para prestar depoimento.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.