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Medo muda rotina de moradores

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Por Agencia Estado
Atualização:

O pânico mudou a rotina dos moradores de Salvador. As notícias de arrastões e assaltos deixaram o clima tenso e fizeram com que os baianos, assustados, fossem para casa mais cedo. "Trabalho há 52 anos no comércio e só vi corre-corre parecido na época do regime militar", disse Carmen Braga, dona de uma loja de roupas no bairro da Barra. No começo da tarde, ela fechou as portas da loja. "Passou um pessoal na rua dizendo que estava descendo um arrastão." Sócio de uma empresa de engenharia, Marco Braga liberou os funcionários mais cedo. "Estava em Ilhéus e liguei de lá para todos irem para casa logo", contou. A arquiteta Érica Alves e a engenheira Mirza Pedreira tentaram ir ao Shopping Iguatemi, o maior de Salvador, no começo da tarde, mas não chegaram a parar o carro. Alguns estacionamentos já estavam bloqueados, e funcionários nervosos orientavam os clientes a deixar o local. No caminho para casa, Érica pôde ver lojas e supermercados sendo fechados, mas a tensão não diminuiu quando ela chegou ao apartamento, no bairro do Garcia. Uma pane no sistema telefônico, provavelmente causada pelo excesso de ligações, a impedia de completar chamadas. "Queria saber das pessoas, mas estava isolada." Sozinha em seu escritório de arquitetura, Claudia Cury não conseguia telefonar para saber notícias da família. Quando finalmente conseguiu falar com a mãe, recebeu a recomendação de não voltar para casa. "Fui para a casa de minha tia, que fica mais perto." No fim da tarde, Eliana de Jesus viu uma cidade diferente. "Estava tudo fechado", disse. "Só uma funerária estava aberta." Nos pontos de ônibus, segundo ela, o clima era tenso. Ouviu depoimentos de vizinhos que presenciaram saques. "Até uma barraquinha da minha rua fechou", disse a engenheira Mirza, que mora em Brotas. "Estou com medo, com todas as portas fechadas."

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