Única escola exclusivamente masculina do Brasil, o Colégio de São Bento, no Rio, completou ontem 150 anos prestes a abandonar a sua principal tradição. O reitor, d. Tadeu de Albuquerque Lopes, informa que a instituição estuda finalmente abrir as portas para meninas. Se os planos de d. Tadeu se concretizarem, as primeiras alunas do São Bento circularão em 2010 pelos corredores do colégio, instalado ao lado do conjunto arquitetônico tombado do Mosteiro de São Bento, no centro. Uma das hipóteses em estudo pela equipe pedagógica, porém, é que meninos e meninas continuem separados em turmas femininas e masculinas. Eles poderiam conviver nos intervalos e nas atividades extraclasse. ?Já é quase uma decisão. Precisamos fazer adaptações, que envolvem um certo volume de recursos financeiros, e não dá tempo para o ano que vem?, diz d. Tadeu, referindo-se a necessidades simples, como instalação de banheiros femininos. Entre as melhores Uma preocupação é a de não alterar a disciplina e o rigor acadêmico que fizeram do São Bento um dos melhores colégios do País. Nos últimos quatro anos, a escola tem figurado entre as quatro melhores do Brasil no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Fundado em 1858, o São Bento só admitiu professoras no início da década de 70. A decisão sobre a admissão de meninas ficará a cargo do conselho de monges da Abadia, mantenedora da instituição, onde ainda tem voz o reitor emérito, d. Lourenço de Almeida Prado, de 97 anos. Nos 46 anos em que dirigiu o São Bento, ele resistiu à idéia, mas acabou sensibilizado pela insistência dos pais que querem dar às filhas a mesma educação dos meninos. ?D. Lourenço colocava em primeiro lugar certa posição filosófica de que existe diferença entre meninos e meninas da mesma idade e na mesma série. Elas amadurecem antes e isso cria certa dissonância. Ele achava que o fato de ter só meninos era favorável ao ensino e à aprendizagem?, explica d. Tadeu. (As informações são do jornal O Estado de S.Paulo)