Washington - O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse nesta quinta-feira, 16, em Washington que o Brasil pretende fazer acordo com vários países para a exploração do centro de lançamento de satélites de Alcântara, no Maranhão. “Ninguém terá o monopólio de Alcântara”, afirmou, depois de destacar que Israel, França, China e Rússia manifestaram interesse no projeto.
A negociação mais importante ocorre com os Estados Unidos, que detêm a tecnologia de cerca de 80% dos componentes usados na fabricação de satélites em todo o mundo. Em meados do ano, Jungmann encaminhou ao governo americano uma proposta de acordo de salvaguardas para proteção dessa tecnologia.
Na segunda-feira, o ministro discutiu o assunto com Thomas Shannon, subsecretário de Assuntos Políticos do Departamento de Estado, órgão que analisa o texto apresentado pelo Brasil. Perguntado sobre a posição de Shannon, Jungmann evitou uma resposta direta. “Eles sabem que essa é a nossa perspectiva.”
A grande dúvida é saber se os americanos concordarão em participar de Alcântara ao lado de outros países, em especial China e Rússia. O ministro disse que o setor privado dos EUA tem interesse no projeto e pressiona o governo a participar. “Entregar a um só país é criar dependência.” De acordo com ele, a brasileira Embraer indicou que gostaria de explorar o centro em parceria. No desenho brasileiro, cada país poderia ter sua própria plataforma de lançamento dentro da base de Alcântara.
O ministro reconheceu que a falta de acordo com os Estados Unidos dificultará a exploração do centro, mas não inviabilizará a participação de outros países. Antes de embarcar para os Estados Unidos, o ministro disse que se encontrou com o embaixador da China no Brasil para discutir uma eventual parceria em Alcântara.
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