As restrições impostas ao Aeroporto de Congonhas após a tragédia com o Airbus da TAM provocaram aumento do número de pousos e decolagens no Campo de Marte. "O crescimento foi de 30%", avalia o comandante Emílio Fiori Neto, vice-presidente do Aeroclube de São Paulo, que está sediado há 76 anos no Campo de Marte. Mesmo sem estimar um porcentual, o diretor-executivo da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Adalberto Febeliano da Costa, tem a mesma impressão. "Marte voltou a ser uma opção porque nem sempre as empresas conseguem autorização para operar em Congonhas." Veja também: Jatinho cai na zona norte de SP e deixa 8 mortos Casas atingidas por jato serão demolidas; buscas são retomadas nesta 2ª Vítimas em terra eram todas da mesma família Vídeo do local do acidente Vídeo das casas atingidas pelo jato Vídeo do resgate no local do acidente Veja como foi o acidente com o Learjet 35 Galeria de fotos Piloto foi avisado que estava na direção errada Jato estava com manutenção em dia, diz Anac Após acidente, Jobim quer mais fiscalização Em uma semana, 4 acidentes aéreos em SP Jornalista testemunha queda de avião Morador flagra queda de jato e filma resgate Tanto o assessor especial da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Edgar Brandão, quanto o superintendente da Região Sudeste, Reinaldo Souza, admitiram que as obras na pista e as limitações aos vôos com origem ou destino em Congonhas levaram ao crescimento do número de operações no Campo de Marte. "Durante a reforma das pistas de Congonhas, algumas empresas passaram para lá", disse Brandão. A estatal se comprometeu a divulgar nesta segunda-feira, 5, as estatísticas sobre o volume de tráfego em Marte. Parlamentares que integraram as CPIs do Apagão Aéreo da Câmara e do Senado também chamaram a atenção para o movimento acima da média no aeroporto da zona norte. "Não existe fiscalização adequada nesse tipo de terminal", disse o vice-presidente da CPI da Câmara, Eduardo Cunha. Em 2002, pouco mais de 96 mil aeronaves pousaram ou decolaram de Marte. Até 2004, a tendência era de queda do número de operações. Nos últimos dois anos, porém, o número de operações voltou a crescer, chegando a 85 mil. Apesar de estar a 8 km do centro, o aeroporto tem poucos atrativos para as empresas de táxi aéreo e mesmo para a avião executiva. "O eixo de negócios da cidade está na zona sul, por causa da Berrini (Avenida Luís Carlos Berrini, onde estão sediadas diversas multinacionais). Descer em Congonhas ainda é muito mais vantajoso", afirma o diretor-executivo da Abag. Fundado em 1920, o Campo de Marte foi o primeiro aeroporto de São Paulo. Hoje, é dedicado exclusivamente à aviação geral (táxi aéreo e jatos executivos). Também serve como base para helicópteros, escolas de pilotagem e o serviço aerotático das polícias civil e militar. Por ter uma pista curta - 1.600 metros de extensão, sendo 1.300 metros de área útil -, só tem condições de receber aviões de pequeno porte, entre eles alguns modelos da família Learjet. "O Campo de Marte tem uma pista curta e restrições pela ausência de certos equipamentos de auxílio à navegação, mas isso não parece ter relação com essa acidente", disse ao Estado o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). (Colaboraram Fabrício de Castro e Luciana Nunes Leal, do Estadão.)
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