O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE) pediu a prisão de cinco policiais civis acusados de extorquir dinheiro do traficante colombiano Ramon Manuel Yepes Penágos, conhecido como El Negro. Eles foram denunciados ontem à Justiça pelos crimes de extorsão mediante sequestro, tráfico de drogas, concussão (um dos tipos de crime praticados por servidores contra a administração) e formação de quadrilha. A Corregedoria da Polícia Civil também requisitou que todos sejam afastados das funções.O achaque ao traficante ocorreu em maio do ano passado. El Negro, a mulher dele, uma informante da polícia e a mulher de um renomado empresário estavam na porta de uma boate, na zona oeste da capital, quando foram abordados por homens do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc). Depoimentos colhidos pela Corregedoria indicaram que, coagida pelos policiais, a informante teria colocado drogas em uma bolsa e no carro em que o grupo estava. Todos acabaram levados para a sede do Denarc, onde permaneceram ?reféns? por mais de 14 horas.Os policiais exigiam R$ 1 milhão para soltar a mulher do empresário. Depois de muita negociação, eles aceitaram R$ 300 mil para retirar o depoimento dela do inquérito. A mulher do traficante também teve de pagar para não ser autuada em flagrante. El Negro foi o único a ficar preso. Ainda assim, teve de entregar US$ 300 mil para não ser identificado.Durante os nove meses seguintes, ele cumpriu pena em uma cadeia de São Paulo com o nome de Manoel de Oliveira Ortiz, um mineiro de Borda da Mata. Até que, em fevereiro, policiais do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic) descobriram a farsa. El Negro era procurado pela Interpol por mandar toneladas de cocaína para a Espanha, de onde fugiu há sete anos. Para os promotores do Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gecep), do MPE, os cinco acusados - o delegado Antonio Carlos de Castro Júnior e os investigadores Antonio Aparecido da Silva, Ricardo Oscar Gosser Traverso, Dimitri Spada e Newton César de Azevedo - devem ser presos em função do risco de coagirem testemunhas. Os policiais não foram encontrados ontem à noite para comentar as acusações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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