A Corregedoria da Polícia Civil e o Ministério Público Estadual (MPE) vão rever todos os processos administrativos (PAs) ?fraudulentos? ou cujos policiais são acusados de ?comprar? as sentenças para serem absolvidos ou reintegrados à polícia. Cinco inquéritos foram instaurados para apurar as denúncias, entre elas a de compra de cargos na Polícia Civil. O diretor-geral do órgão, Alberto Angerami, disse ontem que vai convocar para depor o advogado Celso Augusto Hentscholer Valente e seu sócio, Lauro Malheiros Neto, ex-secretário adjunto da Segurança Pública. Admitiu ser possível até chamar o secretário Ronaldo Marzagão para depor. E avisou: ?Eu não me submeto a pressões.? Malheiros Neto e Valente deverão dar explicações sobre as denúncias de que comandavam um esquema de corrupção que agia no gabinete da Secretaria da Segurança Pública e sobre o vídeo divulgado na edição de ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, no qual Valente supostamente vende cargos importantes na polícia e cobraria propina de policiais corruptos para absolvê-los em PAs. Malheiros Neto era secretário adjunto e Valente, seu primo, cuidava do escritório de advocacia que dividiam antes da nomeação do primeiro para o cargo. Malheiros Neto saiu da secretaria em maio de 2008, em meio às denúncias de que havia beneficiado o investigador Augusto Pena, preso sob a acusação de achacar líderes do Primeiro Comando da Capital. Em 4 de fevereiro, Pena fez a delação premiada. Acusou Valente e o primo de comandarem um esquema de arrecadação de dinheiro de bingos, venda de cargos e sentenças de PAs. Correndo risco de morrer no presídio da Polícia Civil, Pena foi transferido para outra prisão. Ao ser questionado ontem sobre como se sentia ao ver que seu nome havia sido usado na suposta negociata (no vídeo, Valente diz a seu interlocutor que ninguém tinha ideia do conceito que o Laurinho tinha com o governador), José Serra abandonou a entrevista coletiva. Marzagão se dirigiu aos jornalistas dizendo que ?o assunto é comigo, não com ele?. ?Tudo o que é objeto da delação será verificado; serão ouvidas inclusive as pessoas que supostamente teriam pago (propina)?, afirmou Marzagão. Sobre Malheiros Neto, declarou: ?Nunca soube nada a respeito dele e, portanto, vamos aguardar o que mostram os fatos.? As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.