Mudança de cotas proposta pelo Brasil é rejeitada

Ministro Mantega tentou elevar participação para 7%, mas prevaleceu a sugestão do G-20 de manter 5%3

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Por Rolf Kuntz e ISTAMBUL

O comitê político do Fundo Monetário Internacional (FMI) rejeitou a proposta do ministro Guido Mantega de transferência de 7% das cotas e do poder de voto às economias emergentes e em desenvolvimento. Prevaleceu a fórmula escolhida na conferência de cúpula do Grupo dos 20 (G-20) realizada em Pittsburgh: "pelo menos 5%", sem indicação de um número preciso.A transferência é parte da reforma política da instituição. Várias economias emergentes ganharam peso nas últimas décadas e sua participação no FMI ficou desproporcional à sua dimensão. Em contrapartida, algumas economias do mundo rico perderam importância relativa, mas conservaram seu poder de voto. A reforma foi discutida durante anos e a conclusão da atual etapa está prevista para janeiro de 2011.Segundo Mantega, a expressão usada na declaração de Pittsburgh indica um piso, não um teto, e sua opinião foi seguida, em Istambul, por seus colegas do mundo em desenvolvimento. Anteontem , na véspera da reunião do Comitê Monetário e Financeiro, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, chamou de irrealista a proposta dos 7%. Algo em torno de 5% "não será mau", disse ontem o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn. Alguns governos pediam mais, outros menos, e "essa é a essência da negociação". Além disso, o resultado final será superior a 7%, argumentou, porque a primeira parte da reforma, de 2008, ainda em fase de implementação, estabelece uma transferência de 2,7%. Logo, o total chegará a 7,7%, no fim da fase atual. Quando o G-20 anunciou a meta de "pelo menos 5%", no fim de sua última reunião de cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou esse resultado como positivo. Não era tão bom quanto o pretendido, mas era melhor que os 3% propostos por alguns governos europeus. Em Istambul, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a intenção de continuar batalhando pelos 7%. A tentativa, por enquanto, não deu certo. Segundo o FMI, as economias emergentes e em desenvolvimento representavam 40% da economia mundial em 2000. Essa fatia deve chegar a 50% neste ano e a 55% em 2014, disse Mantega em seu discurso.

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