O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, foi empossado nesta quinta-feira para um segundo mandato no cargo, desta vez como chefe de Estado civil. Musharraf prestou juramento durante a cerimônia de posse realizada no palácio presidencial em Islamabad, pedindo "reconciliação política" no Paquistão. Musharraf, que deve se dirigir à nação nesta quinta-feira em pronunciamento transmitido pela televisão, não disse quando suspenderá o estado de emergência, decretado em 3 de novembro. Na quarta-feira, o presidente deixou o comando das Forças Armadas, encerrando oito anos de poder militar no país e abrindo caminho para ser empossado como civil. Ele foi eleito para um segundo mandato de cinco anos nas eleições indiretas de 6 de outubro, mas a legitimidade de sua candidatura havia sido altamente contestada. Durante a cerimônia, Musharraf vestiu um terno em vez da tradicional farda. Depois de prestar o juramento, disse que "ia quebrar a convenção e dar sua opinião sobre a situação atual do Paquistão". O presidente, que tomou o poder em um golpe de estado em 1999, disse que dava as boas-vindas aos líderes da oposição - a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto e o ex-premiê Nawaz Sharif - que retornaram ao país após anos no exílio. "Pessoalmente, eu acho que isto é bom para a reconciliação política", disse. Musharraf ainda garantiu que as eleições parlamentares marcadas para o dia 8 de janeiro ocorrerão como planejado. "As eleições não serão sabotadas", disse o presidente, acrescentado que o pleito será aberto a observadores internacionais. Apesar de terem apresentado suas candidaturas, Bhutto e Sharif ameaçam boicotar as eleições se o presidente não suspender o estado de exceção. Musharraf ainda afirmou ser a favor da democracia e dos direitos humanos, mas disse que o país fará "democracia do seu jeito e no seu tempo". "Nós entendemos nossa sociedade, melhor do que qualquer um no Ocidente", disse. A cerimônia de posse foi conduzida pelo juiz da Suprema Corte, Abdul Hamid Dogar, que substituiu o ex-chefe do Supremo Itfikhar Chaudhry, afastado do cargo depois que Musharraf decretou o estado de emergência. Na opinião de observadores políticos, o presidente impôs restrições ao país por avaliar que a Suprema Corte estava prestes a emitir uma decisão contrária à sua reeleição. Musharraf substituiu vários juízes da corte, que, recomposta, acabou rejeitando todas as ações legais contra a candidatura de Musharraf, confirmando, na semana passada, sua reeleição. Além de ter feito mudanças na corte, o presidente também introduziu emendas na Constituição do Paquistão para prevenir futuras ações legais contra suas decisões. A posse de Musharraf gerou protestos em algumas áreas do país. Na cidade de Lahore, a polícia entrou em choque com advogados que protestavam contra o governo. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.