O papa Bento 16 pediu em sua mensagem de Páscoa no domingo pelo fim da injustiça, do ódio e da violência ao redor do mundo, incluindo Tibet, Iraque e Darfur. O papa, que completa 81 anos no mês que vem, celebrou uma missa pascal para dezenas de milhares de pessoas sob chuva na praça São Pedro, enquanto cristãos em todo o mundo comemoravam a ressurreição de Cristo. A missa de domingo ocorreu horas depois de uma vigília de Páscoa na noite de sábado, onde em um gesto surpreendente o papa batizou o muçulmano Magdi Allam, 55 anos, um jornalista e crítico ferrenho do extremismo islâmico que nasceu muçulmano e se converteu católico. O vento e a chuva que varreram a maior parte da Europa não pouparam Roma, enquanto o pontífice alemão, vestindo trajes dourados, rezava a missa para uma multidão sob guarda-chuvas. Em sua mensagem "Urbi et Orbi" (à cidade e ao mundo), que ocorre duas vezes ao ano, dirigida após a missa, o papa condenou "as muitas chagas que continuam a desfigurar a humanidade." 'Esses são os flagelos da humanidade, que ocorrem em todo canto do planeta, apesar de frequentemente ignorados e às vezes deliberadamente ocultos; chagas que torturam as almas e os corpos de inúmeros de nossos irmãos e irmãs", disse ele. O papa conclamou "um compromisso ativo com a justiça... em áreas ensangüentadas por conflitos e onde quer que a dignidade da pessoa humana continue a ser desprezada e pisoteada." "Espera-se que estes sejam precisamente os lugares onde os gestos de moderação e perdão devam crescer", disse ele, especificamente mencionando Darfur, Somália, a terra santa, no Oriente Médio, Iraque, Líbano e Tibet. Ele então desejou ao mundo uma feliz Páscoa em 63 línguas. Foi seu segundo apelo em menos de uma semana pela paz no Tibet. Em ambos os casos, ele não mencionou a China, com a qual o Vaticano mantém uma tensa relação. CONVERSÃO MUÇULMANA A conversão do egípcio Allam ao cristianismo -- ele adotou o nome de Christian em seu batismo -- foi mantido em segredo até que o Vaticano o revelou em um comunicado menos de uma hora depois da solenidade da noite de sábado. Allam, que é um forte defensor de Israel, está sob proteção policial por conta de ameaças que tem recebido. "Para a Igreja Católica, cada pessoa que pede para receber o batismo, depois de uma profunda busca pessoal, uma escolha completamente livre e uma preparação adequada, tem o direito de recebê-lo", disse o comunicado. Allam defendeu o papa em 2006, quando o pontífice fez um pronunciamento em Regensburg, na Alemanha, que muitos muçulmanos viram como depreciativo ao islã.
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