O novo presidente do Paraguai, Fernando Lugo, disse durante seu discurso de posse na manhã desta sexta-feira, que "os paraguaios são os primeiros proprietários do futuro dos seus recursos naturais". Uma das principais promessas de campanha de Lugo foi a renegociação do Tratado de Itaipu, assinado com o Brasil em 1973. O novo governo quer receber um valor maior pela energia gerada pela hidrelétrica e transferida para o lado brasileiro. Em uma cerimônia acompanhada por 11 chefes de Estado, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-bispo disse que o Paraguai começa a mudar a partir de agora, mas afirmou que esse processo ocorrerá de forma paulatina. "Não será fácil. Mas não será impossível." Diante de milhares de pessoas que assistiram à sua posse no centro da capital Assunção, Lugo disse ainda que o seu governo "crê fervorosamente na integração" regional e que o Paraguai quer "um desenvolvimento compartilhado com os seus irmãos da Argentina e do Brasil". Lugo assume com grande pressão popular para que promova reformas em áreas como saúde, educação, emprego e combate à corrupção. Itaipu Itaipu é a principal empresa do Paraguai e a renegociação do tratado é um tema sensível no país, com atenção diária da imprensa. Os termos do tratado estabelecem que a energia gerada pela maior usina do mundo em produção deve ser dividida igualmente entre os dois sócios. O Paraguai, porém, utiliza apenas cerca de 5% dessa energia, quantia que é suficiente para suprir 95% de sua demanda. O excedente é vendido ao Brasil, onde 20% da energia elétrica consumida vem de Itaipu. O Brasil paga ao Paraguai cerca de US$ 45 por megawatt hora. Na composição do preço estão incluídos itens como juros da dívida, royalties e custos de operação. Do total, aproximadamente US$ 2,80 correspondem à compensação pela cessão de energia não utilizada pelo Paraguai. É esse valor que os paraguaios querem aumentar. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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