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Nova Braskem vira 8ª maior petroquímica do mundo

Para ampliar investimento, empresa vai aumentar capital em até R$ 5 bi

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Foto do author Raquel Landim

Com a compra da Quattor, a Braskem se transformou na oitava maior petroquímica do mundo e na primeira nas Américas. Para reforçar sua capacidade de investir, a empresa vai aumentar o capital entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5 bilhões. Desse total, R$ 3,5 bilhões serão aportados por Petrobrás e Odebrecht, com recursos próprios - R$ 2,5 bilhões pela estatal e R$ 1 bilhão pela construtora. O restante caberá aos acionistas minoritários. O BNDES apoia o negócio e deve manter sua fatia de pouco mais de 5% na Braskem, mas não entrou com recursos.Com o acordo, a Petrobrás aumenta significativamente sua participação na Braskem e ganha mais poder dentro da empresa. "Vamos compartilhar as decisões. Deixamos de ser um minoritário relevante para ter um papel mais importante na gestão", afirmou o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, ao anunciar o negócio.Se os acionistas minoritários não aderirem, a Odebrecht mantém os 38% na Braskem, a Petrobrás aumenta sua fatia de 25% para 36% e os minoritários caem de 30% para 20%. Caso os minoritários decidam acompanhar o aumento de capital, a Odebrecht cai para 34,5%, a Petrobrás sobe para 32% e os minoritários se mantêm com 30%.Para viabilizar o negócio, Odebrecht e Petrobrás criaram um holding, a BRK Investimentos Petroquímicos, que vai deter 93,3% do capital com direito a voto da Braskem. Nessa holding, a Odebrecht tem 50,1% do capital e a Braskem 49,9%.Três mecanismos garantem mais poder à Petrobrás. O acordo de acionistas estabelece que as decisões do conselho de administração serão tomadas por consenso, o que, na prática, garante poder de veto à estatal. Mas o presidente da Braskem, Bernardo Gradin, negou que isso vá tornar mais lenta a capacidade de reação da empresa.O conselho de administração da Braskem será formado por seis membros indicados pela Odebrecht e quatro pela Petrobrás. A presidência do conselho fica com a Odebrecht e a vice-presidência com a Petrobrás. Na diretoria, caberá à Odebrecht o diretor presidente (Gradin vai continuar no cargo) e o diretor financeiro. Mas a Petrobrás ganhou a diretoria de investimentos e portfólio, uma área estratégica. A estatal também terá o direito de participar dos conselhos internos de investimento e finanças e de estratégia e comunicação, que são fundamentais nas discussões dos planos de negócio e tomadas de decisão. "O que é importante é influenciar. E a Petrobrás vai poder fazer isso", admitiu ao Estado o diretor executivo da Odebrecht, Newton Souza. A família Geyer, dona da Unipar, que controlava a Quattor, vai receber R$ 700 milhões para sair do negócio: R$ 647,3 milhões pela participação na Quattor, R$ 27,7 milhões pela Unipar Comercial e R$ 25 milhões pela Polibutenos. A Odebrecht também assumiu o compromisso da Unipar com o BNDES, decorrente da opção de venda de ações na Rio Polímeros. O valor da dívida pode variar de R$ 130 milhões (estimativa da Odebrecht) a R$ 170 milhões (nas contas da Unipar).A Braskem terá o monopólio na fabricação de resinas no País. O negócio ainda será analisado pelo Conselho de Defesa da Concorrência (Cade). "Não temos uma visão de petroquímica nacional ou regional, mas global. O market share mundial da Braskem está entre 3% e 4%, ou seja, é uma empresa pequena no mercado mundial, que é o que interessa para a petroquímica", disse Gabrielli. Gradin afirmou que a indústria brasileira já importa de 20% a 25% das resinas que consome. Apesar do monopólio, ele defendeu a tarifa de importação, hoje em 14%, e argumentou que, por causa do crescimento do País, o setor vai demandar US$ 200 bilhões em investimentos nos próximos 10 anos.As conversas para a compra da Quattor pela Braskem começaram há pelo menos cinco meses e o negócio já era dado como certo desde o início do ano. Nas palavras de Gradin, o anúncio atrasou porque tratava-se de um negócio "complicado". Segundo fontes próximas à negociação, no início, a Braskem resistiu à compra da Quattor, que não considerava estratégica. A empresa preferia apostar na internacionalização. Gradin reiterou ontem o foco na expansão externa e confirmou o interesse em adquirir uma planta nos EUA. As negociações sobre a distribuição de poder na nova empresa foram intensas nos últimos dias. Segundo fontes, outra questão sensível é preço da nafta, já que agora haverá apenas uma fornecedora (Petrobrás) e uma compradora (Braskem). As empresas negam que esse assunto tenha sido discutido.

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