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Novo ciclo de alta só será definido após análise dos indicadores econômicos

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A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros em 8,75% ao ano mais uma vez não provocou surpresas. Desta vez, o conteúdo do comunicado não trouxe sinalização de quando o Banco Central voltará a elevar a Selic. A avaliação é do economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Camargo Rosa. Para ele, o colegiado aguardará dados de atividade, câmbio e inflação, além de avaliar o comportamento das previsões do mercado para tomar eventual decisão de elevar os juros. "O Copom, desta vez, economizou nas palavras do comunicado, mas deixou bem claro que as próximas decisões viraram dependentes dos dados que vão ser conhecidos entre as reuniões", analisou Camargo Rosa. "A evolução do nível de utilização da capacidade instalada, o câmbio e, principalmente, as expectativas é que vão definir ou não se ele vai iniciar o novo ciclo (de altas) na próxima reunião de março", completou. Para ele, houve muitas mudanças no conteúdo do texto do comunicado da decisão da diretoria do BC, que trouxe menos informações do que os anteriores, fazendo com que a ata da reunião de ontem, que será conhecida em uma semana, ganhe importância maior, pois é no documento que a autoridade monetária mostrará como analisa o cenário macroeconômico do País. "Eles deixaram para a ata os maiores detalhes."O economista-chefe da Ativa Corretora, Arthur Carvalho Filho, também disse que a opção do Copom não trouxe surpresas e que a mudança no comunicado da decisão confirma o cenário que a corretora havia traçado para o futuro da Selic. Para ele, continua a expectativa de que o BC aguardará novos resultados e indicadores da economia nos próximos meses e que elevará a taxa só na reunião de abril, para 9,25% ao ano. "A decisão veio em linha com o esperado; o Copom mudou o comunicado e abriu as possibilidades dele", avaliou o economista. "Deixa claro que, agora, está muito mais dependente do cenário corrente, ou seja, não é mais uma política que reflete a crise, mas sim uma política que vai refletir o que vai acontecer nos próximos 45 ou 90 dias", opinou, referindo-se ao período que faltam para os encontros do comitê de março e abril. Carvalho Filho chamou a atenção para o conteúdo praticamente idêntico entre o comunicado divulgado ontem e o distribuído em janeiro de 2008, quando o Copom manteve a Selic inalterada em 11,25% ao ano. Coincidentemente, a diretoria do BC deixou a taxa idêntica na reunião de março daquele ano e aumentou os juros em abril. "Mantemos o nosso cenário. A não ser que, ao longo dos próximos 45 dias, o cenário se deteriore, com a inflação muito ruim e, mais importante, com números de atividade, de oferta e produção industrial muito fortes, eu acho que ele vai esperar até abril porque, tradicionalmente, o Copom espera um pouco mais", disse.

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