O País vai ganhar o seu mais completo centro de oncologia, especialidade que cuida de doentes com câncer, na capital do Rio. Um quarteirão inteiro na Praça da Cruz Vermelha, na região central, virá abaixo para dar lugar ao novo Instituto Nacional de Câncer (Inca), hoje dividido em 18 endereços. As demolições de prédios do Instituto Estadual de Assistência ao Servidor Público, que hoje ocupam o local, devem começar em maio.O Inca passará a ocupar uma área de cerca de 90 mil metros quadrados - três vezes maior do que a do atual prédio-sede -, o que lhe permitirá atender em um só local os quase 10 mil pacientes do instituto. O principal beneficiado será o setor de estudos científicos. Hoje, menos de 5% das pessoas tratadas participam de pesquisas clínicas - aquelas em que é possível avaliar a evolução da doença, a eficácia (ou não) de um tratamento, a utilização de uma vacina. A meta é incluir 30% dos pacientes nesses protocolos."A unificação trará economia, com melhoria da logística e redução dos serviços de apoio contratados para os outros hospitais", afirmou o diretor-geral da instituição, Luiz Santini. "Mas o mais importante é o desafio do avanço do conhecimento científico sobre o câncer. O papel do Inca é, além de garantir a assistência, produzir conhecimento, fazer pesquisa e formar recursos humanos." O prédio existente será reformado e passará a abrigar toda a parte administrativa e o centro de estudos.No edifício que será construído ficarão os setores de internação, com 400 leitos - 90 de unidades de terapia intensiva e semi-intensiva -, 118 consultórios de atendimento ambulatorial e também a área de pesquisa. Em três andares no subsolo estão previstas salas de radioterapia e de quimioterapia.A reforma do prédio que já existe e a construção do novo edifício ocorrerão ao mesmo tempo. Os andares serão integrados.O projeto, que tem custo estimado de cerca de R$ 350 milhões, ficou a cargo da RAF Arquitetura e da MHA Engenharia. São da RAF projetos de hospitais como Copa D"Or, Barra D"Or, a maternidade Perinatal e o novo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia.O câmpus terá certificação verde, com luz natural e reaproveitamento da água da chuva, entre outras medidas que colaboram com o meio ambiente.Também estão previstos no projeto terraços verdes, com tetos de jardim, para garantir uma temperatura amena dentro do edifício. Haverá ainda uma praça no local, que será aberta também ao público que mora nas redondezas do Inca.Humanização. "O projeto tem uma grande preocupação com a humanização do ambiente hospitalar", afirma o arquiteto Flávio Kelner, sócio da RAF. "Quem estiver nas salas de quimioterapia e radioterapia verá os jardins dos terraços verdes. Já a praça dá uma ideia de acolhimento, na chegada do paciente e na permanência dele ali."De acordo com diretor-geral da instituição, o Inca que se quer construir não tem comparação com outros centros de oncologia do mundo. "Pode parecer presunçoso, mas estamos nos inspirando nas melhores experiências de cada um dos centros", explica Santini. "A estrutura organizacional quer se aproximar do modelo do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos. A pesquisa é inspirada no modelo europeu ou cubano - voltada para atender a saúde da população e não a interesses de cada pesquisador. O apoio à gestão dos serviços oncológicos do Sistema Único de Saúde (SUS) é um modelo que só nós temos", continua.As licenças para a demolição de prédios do Iaserj já foram pedidas. A previsão é que as obras sejam licitadas até outubro deste ano e que as primeiras fases do projeto estejam prontas a partir de 2011. A ideia é inaugurar o novo Inca em 2014.