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Números do Censo refutam lenda popular sobre cidades gays

Segundo IBGE, Campinas e Pelotas não concentram mais homossexuais

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SÃO PAULO - Ao contrário do que indica o anedotário popular, Campinas e Pelotas (RS) não estão entre as cidades mais escolhidas pelos casais gays para viver no País. No ranking nacional, os municípios aparecem longe das primeiras posições: Campinas está em 109.º lugar e Pelotas, em 252.º, dentre todos os municípios do Brasil.

 

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"Então, provaram empiricamente que isso é piada? Vai ter gente que vai ficar feliz por aqui com essa novidade", brincou o superintendente de Turismo de Pelotas, Fábio Castro Neves.

 

A lenda surgiu ainda no começo do século 20, coincidentemente, pela mesma razão nos dois casos: as cidades enriqueceram (Campinas, por causa das plantações de café no interior paulista; Pelotas, a reboque do comércio de charque) e os fazendeiros puderam enviar os filhos para estudar na Europa. Quando voltavam, os jovens apresentavam novos hábitos que os levaram a ser classificados como "efeminados" pelas conservadoras sociedades da época. "Agora está feita justiça histórica. Fazem piada com Pelotas até na Argentina e no Uruguai. Agora o tema vai ter de mudar", completou Castro Neves.

 

Ainda que a "fama" tenha surgido há tanto tempo, as cidades nunca a reconheceram oficialmente ou capitalizaram em cima dela - incentivando turismo voltado a esse público, por exemplo. Mesmo assim, são procuradas por homossexuais de municípios vizinhos. Localizada na região sudeste do Rio Grande do Sul, Pelotas é considerada "ponto de encontro" de gays de 22 cidades próximas, por oferecer opções de lazer e espaços de convívio.

 

No caso de Campinas, mesmo com o "desmentido oficial" promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade continuará apresentando marcos em relação ao público gay: em março do ano passado, foi inaugurada ali a primeira "escola gay"do País - que promove cultura da tolerância e respeito às diferenças -, com o apoio do Ministério da Cultura. E a Parada Gay campineira, que no ano passado recebeu 100 mil pessoas, é considerada a maior do interior paulista.

 

 

Concentração. Os dados do IBGE revelam que, bem mais do que nas duas cidades, há maior concentração de homossexuais em locais como São José, Balneário Camboriú (SC), Marituba (PA), Praia Grande (SP), Niterói (RJ) e Parnamirim (RN). Essas cidades, ao lado de Florianópolis, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Maricá (RJ), estão entre os dez grandes municípios com mais declarações de casais gays. A capital paulista - que é conhecida por ter uma das maiores Paradas Gays do mundo - vem em 13.º lugar desse ranking.

 

Quando a lista de cidades com mais casais gays declarados em relação à população total leva em conta todos os municípios brasileiros - e não só aqueles com mais de 100 mil habitantes -, a liderança fica com duas cidades do interior paulista: Águas de São Pedro e São João de Iracema. O terceiro lugar fica com a histórica Tiradentes, em Minas Gerais, onde dez homossexuais foram contabilizados entre os 6.883 habitantes da cidade.

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