A Polícia Federal (PF) apreendeu na manhã do último sábado, 27, um carregamento com 290 quilos de “skunk” em um avião monomotor da Igreja do Evangelho Quadrangular, em Belém, no Pará. Conhecida também como “skank” ou “supermaconha”, a droga pertence ao grupo dos canabinóides, mas com efeitos mais potentes e nocivos ao cérebro do que a maconha tradicional.
O skunk é produzido a partir do cruzamento genético e do cultivo hidropônico da planta Cannabis sativa, a mesma que dá origem à maconha. A droga é criada em laboratório através da manipulação de espécies com engenharia genética e tem uma concentração mais forte de THC (Tetra-hidro-canabidinol), substância psicoativa que age alterando os níveis de serotonina e de dopamina, os hormônios ligados às sensações de prazer e satisfação no cérebro.
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“O skunk nada mais é do que uma variedade da planta que foi selecionada para produzir uma quantidade bem maior de THC”, define o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Unifesp. A substância “híbrida” também é consumida com cigarros enrolados em papéis de seda.
Alguns estudos apontam que a concentração de THC do skunk pode ser de sete a dez vezes maior do que a encontrada na maconha, com uma porcentagem de aproximadamente 20% na droga sintética (ou de 40%, dependendo da versão “híbrida”) contra 2,5% na sua forma tradicional.
Quais os efeitos do skunk?
A maconha, seja extraída diretamente da planta ou por cruzamento genético, como é o caso do skunk, pertence ao grupo e substâncias Perturbadoras da Atividade do Sistema Nervoso Central, também chamado de alucinógenos, psicodélicos, psicoticomiméticos, psicodislépticos, psicometamórficos ou alucinantes.
Segundo o Manual de Toxicologia Clínica do Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado, o volume de inalação do skunk considerado como “dose tóxica” depende “de experiência anterior e grau de tolerância do indivíduo”. Doses acima de 7,5 mg/m2, entretanto, estão associadas a náuseas, hipotensão ortostática, ataques de pânico, delírio, ansiedade e mioclonias.
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Outros sintomas clínicos do uso de maconha e dos canabinóides, segundo o CVS, incluem:
- hiperemia da conjuntiva ocular (olhos vermelhos e/ou inflamados);
- ataxia (incapacidade de manter a coordenação motora);
- fala arrastada;
- boca seca;
- aumento do apetite;
- taquipneia (respiração acelerada);
- taquicardia;
- hipertensão arterial e hipotensão ortostática (com doses mais elevadas dos canabinoides).
Entre os sintomas psíquicos, o CVS lista:
- relaxamento;
- diminuição da ansiedade;
- euforia;
- hilaridade espontânea;
- aumento do apetite;
- prejuízo da memória de curto prazo;
- incoordenação;
- prejuízo da atenção e da concentração;
- alteração da percepção espaço-tempo;
- aumento subjetivo da percepção sensorial;
- exacerbação de transtornos “neuróticos” e “psicóticos” pré-existentes.
Uma análise publicada pelo Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (Conad), em 2021, apontou que aproximadamente 6,8% da população brasileira havia feito uso de maconha, skunk ou haxixe nos 12 meses anteriores ao relatório.