OAB do Pará critica MP e Justiça por prisão de moça

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Por CARLOS MENDES
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A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Pará, Mary Cohen, criticou a atuação dos representantes do Ministério Público, da Justiça e da Defensoria Pública do município de Abaetetuba, onde a jovem L.S.P ficou presa em uma cela com 20 homens detidos durante 15 dias. Cohen afirmou que eles precisam sair dos gabinetes refrigerados para ver como pessoas pobres são violentadas em seus direitos. "Como é que em um município tão pequeno como este os três órgãos não tomaram conhecimento disso?", questionou. Para ela, a violação que L.S.P sofreu em seus direitos não pode ficar impune. "Essa moça é o maior exemplo hoje de uma cidadã no Brasil com todos os seus direitos violados", disse a advogada, que se declara "indignada" com a desqualificação moral que agora a polícia tenta imputar à vítima, dizendo ser ela prostituta e viciada em drogas. É quase a mesma alegação, segundo Cohen, dos rapazes ricos de Brasília que mataram o índio pataxó Galdino ou dos jovens de classe média alta do Rio de Janeiro que recentemente espancaram uma empregada doméstica em uma parada de ônibus. Ela não perdoa o que classifica de "omissão" do Ministério Público de Abaetetuba, que só soube do caso quase 15 dias depois da prisão. "Quem faz a vistoria nas delegacias para verificar a situação dos presos é o MP e se ele não cumpre seu papel fica um órgão burocratizado, preso a gabinetes". No caso da Justiça, Cohen observa uma situação que considera "gravíssima". A OAB e o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) apuraram que a família da jovem é muito pobre e reside na zona rural de Abaetetuba. "São pessoas quase na linha da miséria, tanto que ela trabalhava em troca de comida na casa de um tio", contou Cohen. Independentemente de L.S.P ser menor ou não, a OAB diz que houve negligência no caso.

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