Barack Obama arrecadou 55 milhões de dólares em fevereiro, estabelecendo um novo recorde em um único mês nas campanhas norte-americanas e superando os 35 milhões de dólares obtidos por sua rival Hillary Clinton no mesmo mês. A notícia, anunciada na quinta-feira por assessores, garante tranquilidade à campanha de Obama nos próximos meses, depois de duas derrotas importantes na terça-feira nas prévias de Ohio e Texas. No começo do mês, Hillary arrecadou 6 milhões de dólares, sendo 4 milhões apenas depois das vitórias de terça-feira, segundo assessores. Howard Wolfson, assessor da senadora, criticou Obama por ter prometido ser mais agressivo na campanha, e o comparou ao promotor Kenneth Starr, alvo de críticas dos democratas durante a investigação que levou ao processo de impeachment do presidente Bill Clinton em 1998. "Eu por exemplo não acredito que imitar Ken Starr seja a forma de ganhar uma eleição primária democrata à Presidência, mas talvez essa teoria seja testada", disse Wolfson a jornalistas. Starr investigou Bill Clinton, marido de Hillary, pelo fato de ele ter supostamente mentido sob juramento a respeito de suas relações sexuais com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky. Na época, a Câmara chegou a aprovar o impeachment de Clinton, que no entanto foi absolvido pelo Senado. Os democratas acusaram Starr de agir com motivação política. Obama disse na quarta-feira que pretende elevar o tom das críticas a Hillary, colocando mais em dúvida as suas credenciais sobre segurança nacional e trazendo à tona temas como sua recusa, até agora, em entregar declarações de bens recentes. A campanha de Obama acha que Hillary foi muito agressiva nas campanhas de Ohio e Texas, quando questionou a capacidade do senador para lidar com crises mundiais e a franqueza de suas declarações sobre comércio internacional. "Quando o senador Obama foi confrontado por questões sobre se estava preparado para ser o comandante-chefe e guardião da economia, ele escolheu não tratar dessas questões, e sim atacar a senadora Clinton, e é isso que estamos apontando", disse Wolfson a jornalistas. A campanha de Obama se apressou em qualificar como "absurdas" as declarações de Wolfson. "Após semanas importunando a mídia para 'examinar' o senador Obama, a campanha de Clinton acredita que eles deveriam ser tratados com um padrão completamente diferente", disse Bill Burton, porta-voz de Obama. "Não acreditamos que esperar que os candidatos à Presidência revelem suas declarações de impostos de alguma forma constitua uma tática no estilo de Ken Starr, mas sim o tipo de transparência e responsabilidade que os norte-americanos procuram", afirmou. A campanha de Obama disse que mais de 54 milhões de dólares da arrecadação de fevereiro serão destinados à disputa das primárias contra Hillary. A cifra inclui mais de 385 mil doadores novatos, o que eleva o total de contribuintes a mais de 1 milhão. Faltando 12 disputas em Estados e territórios, Hillary ainda tem pela frente a difícil tarefa de superar Obama em termos de delegados já comprometidos com sua candidatura para a convenção nacional de agosto. Mas Obama tampouco deve chegar à convenção com a maioria absoluta de 2.025 delegados, o que o obriga a intensificar a busca pelo apoio dos "superdelegados", que são dirigentes partidários e ocupantes de cargos eletivos, livres para votarem em quem quiserem. (Reportagem adicional de Jeff Mason e Ellen Wulfhorst)