O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, enfrenta nessa semana os desafios de curar o racha do Partido Democrata, delinear com mais firmeza as diferenças entre ele e o republicano John McCain e deixar sua oratória um pouco de lado para tratar assuntos importantes de forma mais concreta. O senador, de 47 anos, chega relativamente embalado à convenção do Partido Democrata, mas muitos norte-americanos ainda têm dúvidas sobre para onde levará o país caso seja eleito em novembro. Obama, que pode se tornar o primeiro negro presidente dos EUA, fará o discurso de aceitação da candidatura na quinta-feira, para então começar oficialmente a disputa contra McCain, um veterano da guerra do Vietnã, que completa 72 anos na semana que vem. O roteiro do evento, a ser realizado num ginásio de basquete de Denver, está minuciosamente preparado de antemão, mas ainda não se sabe até que ponto a senadora Hillary Clinton, derrotada nas primárias democratas, e o marido dela, o ex-presidente Bill Clinton, vão mobilizar suas legiões de seguidores em torno da candidatura de Obama. Passados três meses do fim daquela disputa, grande parte dos simpatizantes de Hillary ainda está ressentida com Obama. Muitos acham que ele nunca a considerou seriamente como possível candidata a vice, posto afinal ocupado pelo senador Joe Biden. Hillary Clinton discursa na terça-feira na convenção. Na quarta-feira será a vez de Bill Clinton falar. Bill Burton, porta-voz de Obama, estabeleceu duas metas para a convenção: "Queremos garantir que as pessoas saibam exatamente quem é o senador Obama e aonde ele deseja levar o país, e, em segundo lugar, que os eleitores conheçam sua escolha nesta eleição, entre Barack Obama, que deseja fundamentalmente mudar a forma como se fazem as coisas em Washington, e John McCain, que é simplesmente mais do que tivemos ao longo dos últimos oito anos." O estrategista democrata Doug Schoen, que trabalhou no governo Clinton, disse que Obama "precisa mudar a direção da sua campanha", vinculando mais incisivamente McCain ao impopular presidente George W. Bush, especialmente em temas como guerra do Iraque e crise econômica. Para ele, Obama também precisa deixar um pouco de lado sua capacidade oratória para delinear mais especificamente suas diferenças com McCain em assuntos como políticas energética, tributária, habitacional e de criação de empregos. Praticamente empatado com McCain nas pesquisas de intenção de voto, Obama espera aproveitar a convenção para conseguir um impulso junto ao eleitorado. McCain, por outro lado, deve contra-atacar anunciando sua escolha para candidato a vice-presidente na sexta-feira. A noite de abertura da convenção democrata nesta segunda-feira buscará mostrar a vida de Obama e a principal oradora da noite será sua mulher, Michelle. REUTERS ES
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.