A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um alerta nesta quarta-feira sobre a alta incidência de contaminação do vírus da aids na América Latina através de relações homossexuais, especialmente no México, onde estima-se que dois em cada três portadores foram contaminados dessa forma. A ONU divulgou o último "Relatório Mundial sobre a epidemia da aids", o documento mais amplo publicado até então pelas Nações Unidas, elaborado a partir dos dados disponibilizados por 130 países. Segundo o relatório de cerca de 600 páginas, existem cerca de 38,6 milhões de portadores do vírus no mundo. Apesar de terem sido obtidos progressos em algumas regiões, em outras, como na África subsaariana, a incidência da doença continua aumentando. Na América Latina, a ONU estima que existam 1,6 milhão de portadores do HIV, dos quais cerca de 140 mil foram infectados no ano passado. Segundo a ONU, uma das particularidades da América Latina é o "alto nível de contaminação entre homens homossexuais", o que ocorre principalmente na Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica e Peru. A ONU também citou o México, país no qual estima-se que 180 mil pessoas são portadoras do vírus, das quais "até dois terços são homens que podem ter sido contaminados" durante relações homossexuais. No país, também há sinais "de que está aumentando a transmissão do HIV entre heterossexuais, na medida em que as mulheres estão sendo contaminadas pelos seus companheiros que também têm relações sexuais com homens". Na Colômbia, onde vivem 160 mil pessoas infectadas, foram registrados níveis de infecção de até 20% entre homens que mantêm relações homossexuais, enquanto apenas 1% das prostitutas são HIV positivas. Na Colômbia, também é "cada vez mais freqüente" os casos de mulheres que foram infectadas pelos parceiros que também têm relações homossexuais. Um caso grave na América Latina é Honduras, que se transformou em um dos países mais afetados, no qual 63 mil pessoas (1,5% da população) é portadora do vírus, que já é a maior causa de morte entre mulheres. A situação é semelhante na Guatemala, onde 61 mil pessoas vivem com o vírus da aids. Na capital, o índice é de 15% entre prostitutas e de 12% entre homossexuais. A ONU reconheceu que no Brasil e em outros países, como Argentina, Chile, Costa Rica, México, Panamá, Uruguai e Venezuela, foram obtidos avanços notáveis no acesso ao tratamento da aids. A região do Caribe (que não está incluída na América Latina) continua sendo a segunda mais afetada do mundo, com 330 mil portadores, o que representa uma incidência de 1,6%. Os níveis de infecção caíram em zonas urbanas do Haiti e das Bahamas, enquanto seguem estáveis na República Dominicana e em Barbados.