Oposição diz que lidera a votação no Zimbábue

Votos estão sendo apurados; governo adverte contra anúncio antecipado de vitória

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Por Da BBC Brasil
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A contagem dos votos está em andamento no Zimbábue e o Movimento para Mudança Democrática (MDC, em inglês), de oposição, afirma que há indicações de que seus candidatos são vitoriosos na maior parte dos distritos. Veja também: Eleitores no Zimbábue votam em busca de mudanças Robert Mugabe, ditador do Zimbábue há quase 30 anos Eleições terminam no Zimbábue sob ameaça de fraudes Os números do MDC são baseados em resultados parciais e não-oficiais, e que foram enviados por seus agentes em secções eleitorais onde os votos estão sendo contados, disse o correspondente da BBC para o sul da África, Peter Biles, em Johannesburgo. Segundo Biles, não se pode chegar a conclusões definitivas até que sejam conhecidos os resultados dos redutos rurais do presidente Robert Mugabe e de seu partido, Zanu-PF. Um porta-voz do governo do Zimbábue advertiu o MDC para que não declare seu líder, Morgan Tsvangirai, vitorioso, alegando que isto pode representar um golpe de Estado. Mugabe, no poder há 28 anos, enfrenta o mais sério desafio ao seu regime na busca por um sexto mandato. Seus principais adversários são Tsvangirai e o ex-ministro da Fazenda, Simba Makoni. Mugabe chegou ao poder pouco depois da independência do Zimbábue do Reino Unido, em 1980. O anúncio dos resultados finais ainda levará algum tempo, pois esta é a primeira vez que o país realiza eleições presidenciais, parlamentares e locais num mesmo dia. Temor de fraude Antes da eleição, a mídia oficial previu que Mugabe será eleito com 57% dos votos.  Um candidato precisa de 51% para que não seja necessária uma repetição da votação.  A oposição vem alegando temer que a votação esteja sendo fraudada pelo presidente Mugabe. O governo insiste que as eleições são livres e justas e que o resultado será aceito. "Nós não falsificamos eleições", disse Mugabe ao votar em Harare. Na quinta-feira, Tsvangirai e Makoni expressaram conjuntamente preocupação com o pleito, afirmando que ainda não haviam recebido uma lista nacional completa de eleitores que pudesse ser verificada e suspeitavam que poderia haver milhares de "eleitores fantasmas".  Há relatos de que observadores do Parlamento Pan-africano teriam escrito à comissão eleitoral, dizendo que 8.450 eleitores foram registrados em uma área deserta de Harare. Mas uma observador da União Africana, Yvonne Khamati, disse à TV do Quênia que "tudo parece normal e as pessoas estão saindo para votar. Não sinal de militares ou policiais." 'Decepcionada' As filas nos postos de votação se formaram bem cedo no sábado, mas muitos eleitores reclamaram que não tiveram permissão para votar. As autoridades alegavam que os nomes não estavam registrados ou que eles estavam tentando votar no local errado. Um morador do Reino Unido disse que sua irmã estava "decepcionada e aflita" por não ter conseguido votar apesar "de o nome dela aparecer no registro há duas semanas." Mas outros eleitores disseram que a votação parecia justa e eficiente. "Há uma fila enorme atrás de mim, mas está caminhando. As pessoas estão calmas e esperando pacientemente para votar", disse Sandra, de Bulawayo, à BBC. Na capital, Harare, levou vários minutos para que cada pessoa votasse pois quatro cédulas separadas tinham de ser preenchidas para os diversos níveis da eleição. Cerca de 5,9 milhões de pessoas estavam cadastradas para votar nas eleições gerais. O Exército e a polícia estão em estado de alerta em meio a temores de violência. A atmosfera nas secções eleitorais foi considerada pacífica mas, na madrugada, uma candidata do partido do governo (Zanu-PF) ao Parlamento, Mary Nsingo, ficou ferida quando uma bomba caseira foi atirada para dentro de sua casa em Bulawayo, a segunda maior cidade do país. Maior inflação Muitos eleitores foram a pé para os locais de votação. A escassez de combustível e a dificuldade de encontrar transporte são indícios do estado precário da economia do país. O Zimbábue tem atualmente o índice de inflação mais alto do mundo - mais de 100 mil por cento - e estima-se que só um em cada cinco adultos tenha um emprego regular. Mugabe culpa um suposto complô de países do Ocidente pelos problemas econômicos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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