O novo primeiro-ministro do Paquistão, Yusuf Raza Gillani, foi empossado pelo presidente do país, Pervez Musharraf, em cerimônia na capital do país, Islamabad, nesta terça-feira. Gillani, do Partido do Povo do Paquistão (PPP), da ex-líder oposicionista, Benazir Bhutto, anunciou na segunda-feira que ordenará a libertação de todos os juízes que foram detidos durante o regime de emergência instaurado por Musharraf em novembro. Ele pediu ainda que as Nações Unidas investiguem o assassinato de Bhutto em um atentado à bomba em dezembro. A breve cerimônia de posse foi boicotada por um aliado-chave da nova coalizão de governo, a Liga Muçulmana, de Nawaz Sharif, que não reconhece a legitimidade de Musharraf. No que pareceu ser um ato de protesto semelhante, o marido e o filho de Bhutto, que estão na liderança do PPP, também não compareceram à solenidade. As últimas 24 horas, marcadas pela escolha de Gillani pelo Parlamento e pela libertação dos juízes, deixaram Musharraf em uma posição de isolamento, disse a correspondente da BBC em Islamabad, Barbara Plett. Gillani teve uma votação esmagadora no Parlamento, derrotando Chaudhry Pervez Elahi, aliado de Musharraf, por 264 votos a 42 e fazendo desta a primeira vez em 12 anos que o PPP lidera o governo do Paquistão. Juízes Cerca de 60 dos mais importantes membros do Judiciário paquistanês, incluindo o juiz Iftikhar Chaudhry, da Suprema Corte do país, tinham sido retirados de seus cargos pelo presidente Pervez Musharraf em novembro. Pouco depois, quando Musharraf decretou o estado de emergência no Paquistão, os juízes atingidos pela medida foram presos. Na época, Musharraf demitiu os juízes porque a Suprema Corte estava prestes a decidir se sua reeleição para a Presidência, ocorrida em outubro, era ilegal. A maioria dos detidos já foi libertada. A polícia paquistanesa já teria começado a retirar o arame farpado do lado de fora da casa de Iftikhar Chaudhry, e ativistas subiram nos muros da residência para comemorar a libertação. Líder do PPP em Punjab, Gillani é admirado dentro do partido por ter sido preso em 2001, depois de se recusar a fazer um acordo com Musharraf. Analistas afirmam que sua permanência no cargo poderá ser temporária e que o atual líder do PPP, Asif Ali Zardari, viúvo de Benazir Bhutto, poderia tentar se tornar primeiro-ministro no futuro. Como não tem mandato parlamentar, Zardari não pode ser eleito primeiro-ministro, mas um parlamentar de seu partido poderia deixar o cargo, abrindo caminho para a realização de novas eleições e permitindo que ele chegue ao poder. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
Notícias em alta | Brasil
Veja mais em brasil