Gilles Lapouge pode estar em falta com a literatura brasileira, já que os últimos grandes autores nacionais lidos e destacados por ele são João Guimarães Rosa (1908-1967) e Jorge Amado (1912-2001). Esse distanciamento, que não se dá apenas com o Brasil, mas com a América Latina como um todo, não acontece com a literatura francesa. É justamente sobre esta última que o correspondente do Estado em Paris falará hoje, a partir das 18h30, em palestra no Centro Universitário Maria Antonia.No Colóquio V Séculos de Presença Francesa no Brasil, Lapouge traçará um panorama geral da literatura francesa nos últimos 50 anos, sem se preocupar com meras formalidades que sugeririam a enumeração laudatória e relatorial de uma lista com grandes autores de hoje daquele país.Existe uma justificativa para o que Lapouge classifica como um atual período de falta de criatividade da literatura global. "Isso aconteceu com a 2ª Guerra Mundial, com a Guerra da Argélia e está ocorrendo hoje com o terrorismo islâmico. Grandes livros sobre esses assuntos demoram para surgir, pois leva um certo tempo para que os autores possam absorver os acontecimentos e não apenas reproduzi-los, mas analisá-los e interpretá-los no seu devido momento", diz Lapouge. "Na minha opinião, a França não vive um período de fecundidade, como na época de Sartre e Camus. Assim como a América Latina me parece bem menos rica do que aquela de Neruda e Borges", completa.Da mesma maneira que os romances precisam de um tempo de maturação, o reconhecimento de determinados autores também também custa a aparecer. É o caso de Pierre Michon, que lançou Vidas Minúsculas em 1984, na França, chegando ao Brasil apenas em 2004, na Festa Literária de Paraty (Flip), e que terá seu estilo comentado por Lapouge no colóquio. "Ele precisa ser lembrado como um grande escritor, que tem uma beleza única na sua escrita. Acho importante o jeito como ele tenta ressuscitar a vida de pessoas humildes em seus textos", adverte Lapouge. ServiçoLapouge - Cinco Séculos de Presença Francesa no Brasil. Centro Univ. Maria Antonia. Rua Maria Antonia, 294. Inf. tel. 3091-1686. Hoje, 18h30. Grátis
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.