Oscar encara teste de popularidade com 'O Artista' como favorito

PUBLICIDADE

Por BOB TOURTELLOTTE
2 min de leitura

Quando a cortina se abrir e começar o Oscar neste domingo, em Hollywood, os produtores da premiação estarão muito menos preocupados com quem ganhará os prêmios. As atenções deles estarão voltadas para a audiência na televisão. A maior premiação do cinema mundial corre o risco de perder seu status de segundo maior evento assistido na televisão norte-americana se não conseguir mais de 40 milhões de expectadores no país, o que será difícil, já que a produção da moda neste ano é "O Artista", um filme mudo. Atualmente, a maior audiência na TV norte-americana é do Super Bowl, a final do campeonato nacional de futebol americano. O Grammy obteve uma Audiência de 39,9 por cento na TV neste mês, um dia após a morte da cantora Whitney Houston. Foi a maior audiência do evento desde 1984 e bem acima dos 26 milhões de telespectadores que assistiram à maior premiação da música no ano passado. Se o Oscar não bater 40 milhões, cairá para o terceiro lugar. Apenas duas vezes desde 2002 o Oscar, que é entregue pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, conseguiu audiência superior a 40 milhões de pessoas, e isso aconteceu em anos em que dois grandes sucessos do cinema, "O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei" e "Avatar", competiram pelo prêmio de melhor filme. Neste ano, o favorito é "O Artista", uma produção em preto-e-branco e sem falas. A produção chega à festa com dez indicações, atrás apenas de "A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese, com 11. "É imbatível", afirmou à Reuters Dave Karger, colunista da revista Entertainment Weekly, sobre "O Artista". E isso é um problema para a Academia e a rede de televisão ABC, que transmite o programa. Normalmente, o interesse do público é maior quando produções que foram sucesso nas bilheterias competem ao Oscar. A produção francesa "O Artista" empolgou os críticos com sua história de um astro de Hollywood na época do cinema mudo, cuja carreira está em decadência depois que a fala está tomando conta da indústria. Contudo, o romance não atraiu muitos fãs nas bilheterias, tendo vendido apenas 30 milhões de dólares nos EUA e Canadá. Tanto "O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei" como "Avatar" já tinham centenas de milhões de dólares nas bilheterias quando concorreram ao Oscar. O vencedor de melhor filme no ano passado, "O Discurso do Rei", não foi sucesso nas bilheterias, e o Oscar teve apenas 37,6 milhões de telespectadores. Os produtores do Oscar esperam que o retorno do popular comediante Billy Crystal na apresentação possa atrair o público. Também haverá os filmes, astros e prêmios, que atraem os fãs de cinema para a festa do Oscar. "O Artista" deve ganhar, mas o drama dos direitos civis "Histórias Cruzadas" tem muito apoio e pode surpreender. A categoria de melhor atriz tem uma disputa acirrada entre Viola Davis, que interpreta uma empregada doméstica em "Histórias Cruzadas", e Meryl Streep, como a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, em "A Dama de Ferro". A categoria de melhor ator tem George Clooney, um dos queridinhos de Hollywood e que compete por seu papel em "Os Descendentes", contra o francês Jean Dujardin, de "O Artista". Os prêmios de melhor ator e atriz coadjuvantes devem ir para Christopher Plummer, como um idoso gay em "Toda Forma de Amor", e Octavia Spencer, em "Histórias Cruzadas". A categoria de melhor diretor, que tem como favorito Michel Hazanavicius, de "O Artista", pode ter também as surpresas de Scorsese, com "A Invenção de Hugo Cabret"; Woody Allen, por "Meia-Noite em Paris"; e Alexander Payne, por "Os Descententes".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.